Pura realidade - luis fernando verrissimo

> Pura realidade - luis fernando verrissimo



Encontrados 1203 pensamentos de pura realidade - luis fernando verrissimo

A renúncia é a libertação. Não querer é poder.

Fernando Pessoa

a saudade é uma prisão onde as paredes são de vento

josé fernando

A SAGRADA E O PROFANO

Você me desgoverna...
Faço coisas de adolescente e nem me toco com isso; fugindo aos valores que me acompanhavam de há muito...

Você é forte, sensual, dominadora.

Vai comendo pela beirada, sem pressa e com discrição - até encaminhar a presa para o seu matadouro...

A sabedoria da conquista nasceu com você.
Hipnotiza as pessoas em todos os níveis de amizade...

Com o seu jeito de Mãe; com a sua voz de sonata!...
Estou de "boca aberta", pensando no tempo em que cheguei em suas mãos carente e sem rumo, como um náufrago do amor...

E - por sua obra e graça - em pouco tempo, senti-me o comandante do navio.
Mesmo sem navio e sem mar; sem céu e sem porto...

Não me acorde nunca mais desse sonho maior!
Nem permita que outros braços, além dos seus, embalem o meu ideal de ficar ou o meu destino de partir.

Você é a Deusa que havia fugido dos meus projetos de infância, e que voltou agora em forma de fada-mulher:
A Mulher da minha vida!!!

Fernando Só Poemas

A solidão só é fobia para aqueles que a não sabem povoar.

Luís Eusébio

A tristeza diária

Não te perdoo pela tristeza diária
Porque não há nada pra perdoar...
Tristeza não é pecado, moça linda,
Nem é pecado querer chorar...

Portanto fica assim do seu jeitinho...
Não precisa contar nem se explicar...
Estarei sempre por aqui, pertinho,
A porta sempre aberta. Pode entrar.

E não precisa dizer nem falar nada.
Pode ir deitar ou sentar-se, recostada.
Descansa o coração que tá tristinho...

Conta comigo, delicada amiga...
Se não quiser nada dizer, não diga...
Mas fica sempre com meu carinho...


Postado

Luis Tavares

A única atitude intelectual digna de uma criatura superior é a de uma calma e fria compaixão por tudo quanto não é ele próprio. Não que essa atitude tenha o mínimo cunho de justa e verdadeira; mas é tão invejável que é preciso tê-la.

Fernando Pessoa

A única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma alma nova.

Fernando Pessoa

A única vantagem de estudar é gozar o quanto os outros não disseram.

Fernando Pessoa

A vasta noite
não é agora outra coisa
se não fragrância.

Jorge Luis Borges

A velha mão
segue traçando versos
para o esquecimento.

Jorge Luis Borges

A verdade é que nos comportamos, nós, os cristãos,
como alguém que tem na parede os retratos dos antepassados e entende honrá-los interpretando
neles o passado sem ter em conta a importância do
presente (...)

Agostina Bessa-Luís

A verdadeira afeição na longa ausência se prova.

Luis de Camões

A verdadeira fé não está no exterior; está no âmago do coração.

Juan Luis Vives

A vida é curta; longa é a paixão.

Luiz Fernando Veríssimo

A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.

Fernando Pessoa

A vida não é um filme, por mais que tentamos fazer dela um, é uma novela sem roteiro pronto, onde só podemos escrever o presente, com capítulos chatos, alguns alegres, outros bem tristes.

Fernando Vieira

A vida prejudica a expressão da vida. Se eu vivesse um grande amor nunca o poderia contar.

Fernando Pessoa

A útima crônica

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.

O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."

Fernando Sabino

A vida, para os desconfiados e os temerosos, não é vida, mas uma morte constante.

Juan Luis Vives

Abat-Jour

A lâmpada acesa
(Outrem a acendeu)
Baixa uma beleza

Sobre o chão que é meu.
No quarto deserto
Salvo o meu sonhar,
Faz no chão incerto
Um círculo a ondear.

E entre a sombra e a luz
Que oscila no chão
Meu sonho conduz
Minha inatenção.

Bem sei ... Era dia
E longe de aqui...
Quanto me sorria
O que nunca vi!

E no quarto silente
Com a luz a ondear
Deixei vagamente
Até de sonhar...

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

Acabou...mas não estou triste, estou feliz, pois aconteceu e tenho esperança de um recomeço.

Fernando Vieira

acho graça de te ver calada
e me assusta não saber o que pensar
tormenta vem em meu peito, enchurrada
no meu Âmago se vê represada
afinal isso naum é coisa que se deixa vazar

Assim tão facilmente
ainda com prazo de validade
me calo silenciosamente
é sempre um pouco de vaidade

tento sempre não esperar
nada que possa me machucar
de nosso silêncio amortizo sentimento
pois sentir demasiado
sempre foi meu pecado

desta forma me despeço
de seus olhos de seu beijo
deixo leve nossa estória
é o que dá conta nossas costas

Fernando Duran

Acho que o escritor deve escrever para a alegria do leitor.

Jorge Luis Borges

Aconteceu-me do Alto do Infinito

Aconteceu-me do alto do infinito
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e través estranhos ritos

De sombra e luz ocasional, e gritos
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito...

Caiu chuva em passados que fui eu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma cousa de alma do que é meu.

Narrei-me à sombra e não me achei sentido.
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido...

Fernando Pessoa

Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa...

Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas...
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...

Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu. (Acho tão Natural que não se Pense)

Fernando Pessoa


Contato Politica de Privacidade Datas Comemorativas Parceiros Facebook Twitter