A verdade do coração fica reprimida quando as palavras dissolvem o ímpeto da realidade.
Fernando Lapolli
A verdade é que nos comportamos, nós, os cristãos,
Agostina Bessa-Luís
como alguém que tem na parede os retratos dos antepassados e entende honrá-los interpretando
neles o passado sem ter em conta a importância do
presente (...)
A verdadeira afeição na longa ausência se prova.
Luis de Camões
A verdadeira fé não está no exterior; está no âmago do coração.
Juan Luis Vives
A vida começa todos os dias.
Erico Veríssimo
A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.
Fernando Pessoa
A vida não é um filme, por mais que tentamos fazer dela um, é uma novela sem roteiro pronto, onde só podemos escrever o presente, com capítulos chatos, alguns alegres, outros bem tristes.
Fernando Vieira
A vida prejudica a expressão da vida. Se eu vivesse um grande amor nunca o poderia contar.
Fernando Pessoa
A vida, para os desconfiados e os temerosos, não é vida, mas uma morte constante.
Juan Luis Vives
Abat-Jour
Fernando Pessoa
A lâmpada acesa
(Outrem a acendeu)
Baixa uma beleza
Sobre o chão que é meu.
No quarto deserto
Salvo o meu sonhar,
Faz no chão incerto
Um círculo a ondear.
E entre a sombra e a luz
Que oscila no chão
Meu sonho conduz
Minha inatenção.
Bem sei ... Era dia
E longe de aqui...
Quanto me sorria
O que nunca vi!
E no quarto silente
Com a luz a ondear
Deixei vagamente
Até de sonhar...
Fernando Pessoa
Acabou...mas não estou triste, estou feliz, pois aconteceu e tenho esperança de um recomeço.
Fernando Vieira
acho graça de te ver calada
Fernando Duran
e me assusta não saber o que pensar
tormenta vem em meu peito, enchurrada
no meu Âmago se vê represada
afinal isso naum é coisa que se deixa vazar
Assim tão facilmente
ainda com prazo de validade
me calo silenciosamente
é sempre um pouco de vaidade
tento sempre não esperar
nada que possa me machucar
de nosso silêncio amortizo sentimento
pois sentir demasiado
sempre foi meu pecado
desta forma me despeço
de seus olhos de seu beijo
deixo leve nossa estória
é o que dá conta nossas costas
Acho que o escritor deve escrever para a alegria do leitor.
Jorge Luis Borges
Acho tão natural que não se pense
Fernando Pessoa
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa...
Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas...
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...
Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu. (Acho tão Natural que não se Pense)
Aconteceu-me do Alto do Infinito
Fernando Pessoa
Aconteceu-me do alto do infinito
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e través estranhos ritos
De sombra e luz ocasional, e gritos
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito...
Caiu chuva em passados que fui eu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma cousa de alma do que é meu.
Narrei-me à sombra e não me achei sentido.
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido...
Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz.
Fernando Anitelli
Adagas Cujas Jóias Velhas Galas
Fernando Pessoa
Adagas cujas jóias velhas galas...
Opalesci amar-me entre mãos raras,
E fluido a febres entre um lembrar de aras,
O convés sem ninguém cheio de malas...
O íntimo silêncio das opalas
Conduz orientes até jóias caras,
E o meu anseio vai nas rotas claras
De um grande sonho cheio de ócio e salas...
Passa o cortejo imperial, e ao longe
O povo só pelo cessar das lanças
Sabe que passa o seu tirano, e estruge
Sua ovação, e erguem as crianças
Mas o teclado as tuas mãos pararam
E indefinidamente repousaram...
Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.
Fernando Pessoa
Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?.
Fernando Pessoa
Agradeço imensamente sem esquecer o oportuno e benquisto gesto, o favor, o préstimo - a tábua
Luis Batarda G.
de salvação me atirada. Não ousando discutir a
qualidade da madeira daquela, gostaria contudo
de não me sentir devedor de um barco inteiro
quando me insinuam a lembrança.
Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Luís de Camões
Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!
Como já pera sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?
Nem falar-te somente a dura Morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!
Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?
Ah! Querem Uma Luz
Fernando Pessoa
Ah! querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Ah, a Esta Alma Que Não Arde
Fernando Pessoa
AH, a esta alma que não arde .
Não envolve, porque ama,
A esperança, ainda que vã,
O esquecimento que vive
Entre o orvalho da tarde.
E o orvalho da manhã
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Fernando Pessoa
Albert Einstein foi um dos grandes gênios da humanidade certa vez fora perguntado: O que é a luz? E no momento inspirado disse: “A luz...é a sombra de Deus”.
André Luis Aquino
Longe daqui, bem longe, eu a vi caminhando, parecia sem destino, pássaro ferido, só eu conseguia ver suas asas quebradas, de repente meus olhos podiam ver muito mais do que imagens, eu entrei dentro do seu pensamento...saudades da mãe, indecisão, certezas. traumas, dores, enfim todas as nossas tragédias e dramas subterrâneos...mas ainda tocando ao fundo uma música em sua alma, o amor por si mesma a mantinha viva e com esperança no futuro.
Diz a si mesma com uma lágrima invisível escorrendo pelo rosto.“Papai sinto saudades de quando você me levava pra ver a luz”. Eu me apaixonaria por essa mulher num instante, mas prefiro continuar distante, sinto ciúmes e até uma dor por saber que outros homens podem tê-la, mas talvez nenhum deles possa fazer tão parte dela quanto eu, que posso ouvir seus pensamentos, apenas fechando meus olhos.
Pra estar com ela faço carinhos imaginários, exatamente como domingo o mar fez em mim...do alto de uma pedra eu o contemplei e uma leve brisa me tocava os cabelos, me imaginei fazendo caricias sobre o oceano, e dessa vez era eu o pássaro, só que voando com as asas dela, agora já curadas....
Carícias Sobre o Oceano
(Do filme “Les Choristes”em português “A Voz do Coração” )
Carícias sobre o oceano
Leva o pássaro tão leve
Vindo de terras nevadas
Ar efêmero do inverno
Distante seu grito se distancia
Castelos na Espanha
Agita-se no rodamoinho desfazendo suas asas
Na aurora cinza do levante
Acha um caminho em direção ao arco- íris
Se descontinuará a primavera
Carícias sobre o oceano
Pousa o pássaro tão leve
Sobre a pedra de uma ilha submersa
Ar efêmero do inverno
Enfim seu sopro se distancia
Longe nas montanhas
Rodamoinho sopra desfazendo suas asas
Na aurora cinza do levante
Acha um caminho para o arco-íris
Se descontinuará a primavera
Calma sobre o oceano