Brotamos de Deus
Valter da Rosa Borges
como as flores, folhas e frutos
brotam da árvore.
Todos são e não são a árvore.
Todos somos e não somos Deus.
Somos Deus brotando
de Si mesmo.
Cada vez mais se constata que a atividade psíquica não é um produto exclusivamente fisiológico. Sabe-se, experimentalmente, que a ausência da atividade onírica provoca estados psicóticos, os quais, inclusive, podem levar é morte, caso persistam por muito tempo. A importância da vida mental para o organismo ficou comprovada nesses experimentos.
Valter da Rosa Borges
O homem, quando dorme, apenas muda o nível de sua atividade psíquica. Se o que ele percebe, em estado de vigília, é real, por que real seria o que ele percebe oniricamente?
Qual, na verdade, a diferença entre o que passou e o sonho? A memória não prova o que aconteceu, pois o presente, agindo sobre o passado, o modifica. Só o presente, então, parece real. Mas, o presente é instantâneo e está influenciado pela memória e pelas expectativas do futuro.
O sonho é o que não se tornou fato e o passado é o fato que se tornou sonho, pois a memória tem a mesma estrutura do sonho.
Com qual medida medimos
Valter da Rosa Borges
o homem que tudo mede?
Que metro que não o homem
pode medir o além do humano?
Que metro pode medir
o infinito e a eternidade?
Como duas partículas
Valter da Rosa Borges
no universo quântico,
um dia, nos encontramos
pelos acasos do amor.
Embora nos separemos
e nunca mais nos vejamos,
estaremos sempre em contato
em qualquer lugar do infinito.
Essa não-localidade
(o amor também é quântico)
une todas as partículas
e corações no universo.
O espaço dos que se amam
ocupa todo o infinito.
Valter da Rosa Borges
Da janela do presente
Valter da Rosa Borges
observa-se o presente
com os olhos do passado.
Da janela do presente
observa-sse o futuro
como extensão do passado.
Quando somos o presente,
não há futuro e passado,
porque só há o presente
observando o presente.
De tudo somos possuídos:
Valter da Rosa Borges
coisas, pessoas e idéias.
Mas só a morte nos possui de vez.
Demorei mais aprendi..
David P. Guimarães Thomé
Que um sorriso inocente não define uma personalidade...
Que lágrimas, não significam arrependimentos...
Que promessas, nem sempre são compridas...
Que juras de amor, nem sempre são de amor...
Que quem merece, não implora a confiança...
Que regras sempre serão quebradas...
Que quem tem muita história, um pouco fez...
Que ciúmes, não significam amores...
Que cenas de cinema, nem sempre são de romance...
Que seus amigos, te definem...
Que presentes, não são compromissos...
Que quem está do deu lado, pode estar do lado errado...
Que quem não te da opção, não merece sua escolha...
Que atitudes mudam tudo, do inicio ao fim...
Que o mundo da voltas, e tudo vai se repetir...
...As coisas, as pessoas... São assim...
Sempre diferente do que pensamos...
E sempre nos subestimando....[:D]
Deus é a perda da identidade.
Valter da Rosa Borges
É o momento sem memória,
atemporal.
Quem retorna de Deus,
não tem nada a dizer.
Apenas sabe que foi Deus.
E que continua sendo.
Deus é a unidade
Valter da Rosa Borges
nas dualidades.
Quem prefere um de seus pólos,
recebe um Deus mutilado.
Deus é luz e sombra.
Valter da Rosa Borges
A Sua sombra protege
os homens.
Somente os iluminados
ousam contemplar
a luz de Deus.
Deus é o caos criador da ordem.
Valter da Rosa Borges
A ordem que retorna ao caos.
O caos que se converte em ordem
na massa pulsante do infinito.
Deus é o sono
Valter da Rosa Borges
de quem não mais se acorda.
O impossível retorno
de quem partiu e esqueceu
o endereço do corpo.
Deus é luz tão intensa
que se torna escuridão,
porque os olhos cegaram.
Deus é a morte afinal
que ressuscita no vivo
o que nunca vivo foi,
porque latente no corpo
como se nunca existisse.
Deus não é para ser achado.
Valter da Rosa Borges
Porque achamos que Deus
é isso ou não é aquilo,
ficamos na ilusão
de O ter achado.
Deus nasce todo dia em cada homem
Valter da Rosa Borges
e aprende conosco o que Ele sabe.
Deus se deixa encontrar a cada instante,
sem ser chamado, sem ser procurado,
nos terrenos mais férteis ou mais sáfaros,
em meio à oração ou à heresia,
sem encontro marcado e em qualquer parte.
Deus olha pelos meus olhos
Valter da Rosa Borges
as obras que Ele fez.
Escuta por meus ouvidos
todos os sons que criou.
Saboreia com meu corpo
o prazer de ser a Vida.
Ele me fez Seu sentir,
um Seu modo original
de Seus infinitos modos
em tudo quanto se fez.
Dói pensar no infinito.
Valter da Rosa Borges
Dói pensar na eternidade.
Masoquismo cognitivo,
obsessão incurável,
que o tempo não alivia
e só na morte se acaba.
DOS VAIDOSOS
Valter da Rosa Borges
Tudo fazem para aparecer.
Ou fingem se esconder
para que sejam achados.
É difícil aceitar
Valter da Rosa Borges
a face escura de Deus.
Raríssimos são aqueles
que o conseguem.
E os que se tornam
a face escura de Deus?
Como as pessoas comuns
poderão compreendê-los?
Envelhecer é cultivar adeuses
Valter da Rosa Borges
e empobrecer em cada despedida.
Os afetos morrendo com os mortos.
Lembrar é praticar necromancia.
O que fazer de tudo o que já foi,
mas fica latejando em nossa vida?
É o incurável câncer da saudade:
o que passou matando o ainda vivo.
Escreve-se por escrever,
Valter da Rosa Borges
para brincar com palavras
e inventar absurdos -
importa que sejam belos
ou arrepiem a lógica -
e frases que sejam coisas
diferentes das comuns.
Inventar novas palavras
de semântica imprevista.
Escrever como quem brinca
de desarrumar as coisas
e arrumá-las de outro jeito.
Palavras e só palavras.
Neste caos fraseológico
que mundo pode eclodir?
Escrever é uma forma
Valter da Rosa Borges
de deixar a nossa alma
preservada nas palavras,
no corpo de cada livro,
fazendo parte da mente
das pessoas que nos lêem.
Quem escreve, clona a alma.
Estamos além dos átomos
Valter da Rosa Borges
e de todas as galáxias.
Somos a linha ilusória,
que separa em dois o infinito.
Eu te perdôo pela palavra não dita
Fernanda Guimarães
Refugiada na solidão dos teus lábios
Entre os beijos que amordaçaste
Eu te perdôo pelo carinho adiado
Tatuado na insônia do teu corpo
Entre os sonhos que não dormiste
Eu te perdôo pelo olhar aflito
Desenhado no deserto do teu rosto
Entre os gritos de silêncio que guardaste
Eu te perdôo pelo abraço apenas imaginado
Sonâmbulo a ansiar o calor dos meus braços
Entre os luares que teus olhos apagaram
Eu te perdôo por sufocares teus desejos
Exilando-os na penumbra do teu coração
Entre os invernos perenes da tua alma
Eu te perdôo pelas vezes que te esperei
Quando teus passos emudeceram
Entre as fronteiras dos teus limites
Eu te perdôo pela tua renúncia
Por amontoares teus sonhos em gavetas
Entre tantos outros estilhaçados pelo tempo
Eu te perdôo por te perderes de mim...
Existe a vaidade de ter, mas também a vaidade de dar e de gastar.
Valter da Rosa Borges
A vaidade é a auto-satisfação que decorre da presunção de que se é admirado.
A modéstia ostensiva nada mais é do que a vaidade disfarçada.
Falamos do que não sabemos,
Valter da Rosa Borges
porque a morte nos espanta
e dói a mortalidade.
O que é ser imortal?