A solidão nada mais é do que a passagem para a inteligencia
lucilene gutelvil
A solidão só é fobia para aqueles que a não sabem povoar.
Luís Eusébio
A solução dos problemas está diante dos olhos, mas para enxergá-la é necessário usar os óculos da sabedoria.
Flábio Fagundes
A sombra é para o descanso após um árduo trabalho e o sol é para o trabalho daqueles, que não conhecem a sombra.
Bruno Calil Fonseca
A SIMPLICIDADE DA VIDA
Tony Fraga
Quando pensamos que nada mais é importante o suficiente para nos encantar...
Quando buscamos nas coisas espetaculares, estupendas, mirabolantes, um sentido para a vida...
Descobrimos nas coisas simples, um toque de magia, o qual tem o poder de transformar trevas em luz,
tempestade em bonança,
deserto em oásis,
inferno em paraíso.
Quando tudo parece ter chegado ao fim, pode simplesmente ser o início de uma vida nova.
De fato é o fim...
...É o fim das trevas...
...da tempestade...
...do deserto...
...do inferno...
É o fim de tudo isso, que por si culmina no portal de entrada para a luz...
...para a bonança...
...para o oásis...
...para o paraíso.
Não despreze a simplicidade, ela é a chave para uma vida feliz.
A sorte de ter talento não basta; é preciso, também, ter talento para a sorte.
Hector Berlioz
A sorte, para chegar até mim tem de passar pelas condições que o meu carácter lhe impõe.
Sébastien-Roch Chamfort
A T
Álvares de Azevedo
No amor basta uma noite para fazer de um homem um Deus.
(PROPÉRCIO)
Amoroso palor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos,
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra...
Quanto sofro por ti! Nas longas noites
Adoeço de amor e de desejos...
E nos meus sonhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura:
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens;
E ela mesma suave descorando
Os alvacentos véus soltar do colo,
Cheirosas flores desparzir sorrindo
Da mágica cintura.
Sinto na fronte pétalas de flores,
Sinto-as nos lábios e de amor suspiro...
Mas flores e perfumes embriagam...
E no fogo da febre, e em meu delírio
Embebem na minh’alma enamorada
Delicioso veneno.
Estrela de mistério! em tua fronte
Os céus revela e mostra-me na terra,
Como um anjo que dorme, a tua imagem
E teus encantos, onde amor estende
Nessa morena tez a cor de rosa.
Meu amor, minha vida, eu sofro tanto!
O fogo de teus olhos me fascina,
O langor de teus olhos me enlanguece,
Cada suspiro que te abala o seio
Vem no meu peito enlouquecer minh’alma!
Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh’alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu’alma infantil; na tua fronte
Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso...
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tu’alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!
Dezembro, 1851
A tecnologia só é tecnologia para quem nasceu antes dela ter sido inventada.
Alan Kay
A televisão é a primeira cultura verdadeiramente democrática- a primeira cultura disponível para todos e totalmente governada pelo que as pessoas querem. A coisa mais aterrorizante é o que as pessoas querem.
Clive Barnes
A temeridade é boa para poucos e ruim para muitos.
Fedro
A terra possui recursos suficientes para prover às necessidades de todos, mas não à avidez de alguns.
Mahatma Gandhi
A Terra vai em direção a Vega.
Valter da Rosa Borges
Mas, para onde Vega vai?
Tudo gira e nada cai
e, se cair, onde cai?
E, em girando, tudo anda,
para onde tudo vai?
Se o universo é infinito,
onde o chão e onde o teto,
onde as paredes do mundo?
A tirania não é menos arriscada para o opressor, do que penosa para o oprimido.
Marquês Maricá
A tortura é uma invenção maravilhosa e absolutamente segura para causar a perda de um inocente.
Jean de La Bruyère
A tradição não é dada por direito de herança, e, se a quiser, é preciso muito trabalho para a obter.
Thomas Eliot
A tristeza me recobre
Bukowski
E mando a cerveja goela abaixo
Peço uma bebida forte
Rápido
Para adquirir a garra e o amor de
Continuar!
A tristeza se tranveste de versos para ganhar em concursos de beleza.
Milena Palladino
A um passarinho
Vinícius de Morais
Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis
Deixe-te de histórias
Some-te daqui.
A união deve ser o passo primitivo de todo ser que necessita viver e para isso é necessário que haja participação e benevolência mútua
Fatima Guirlanda
A única coisa a fazer com os bons conselhos é passá-los a outros; pois nunca têm utilidade para nós próprios.
Oscar Wilde
A única diferença da Política para o Futebol é que, na Política, por falta de bola, eles se chutam uns aos outros
luan fernandes
A única forma de prever o futuro é ter poder para formar o futuro.
Eric Hoffer
A única salvação para os vencidos é não esperarem nenhuma salvação.
Virgílio
A útima crônica
Fernando Sabino
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.
O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."