Ao (ex)vazio do cálice
Melina Coury
Ao ver o azul dos olhos todavia,
orvalhados claros na lembrança,
ao teu passar seguro disfarçam,
nas palavras, o ritmo da dança.
Em seu cale-se não há vinho,
é amarga a falta da palavra,
imprópria, seca a garganta,
sevícias, no próprio co(r)po.
Apenas na vontade sorrateira,
onde fantasia corre às soltas,
com sonho febril de desejos,
no sono ofegante de delírios,
ei-la por fim, palavra desejada.
Completada a senda, achei-a!
é então liberta, a palavra presa,
deixada ao léu, já sai gingando,
deriva ao devaneio, mescla-se,
ao meu grito mudo teu silencio.
Melina Coury
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