Henrique de Shivas: Bacco Convidai-me ao teu berço oh Baco! N’adega



Bacco

Convidai-me ao teu berço oh Baco!
N’adega escarlate e buraco oco,
Onde ma boca arregaça o lábio.

Convida-me na Glória do absurdo,
E rio comigo a festejar o amigo.
Pois és quem me dás preferido abrigo.

Um passo que ao morto tropeço:
– Cadáver pálido e roxo beiço;
Lá no peito ou triste baço,
A beber teu sangue confesso.

É-te ma alma tua formosa alma,
E em vinho sonho como um fantasma,
A negra morena e a doida alva,
Fazer-te desejo ma teimosa escrava.

Mio hercúleo cérebro é todo úmido,
De sangue que traz na corrente o Ébrio,
Sede de louco Eu-poeta embriagado,
No álcool violáceo este santo remédio.

É-me feliz o sorver teu delírio,
E nas costas tirar mio cangaço
Fardo que a carga nos faz cansaço;
Moribundo bagaço e tédio irrisório.

Henrique de Shivas

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