Debaixo de sete chaves
Kathlen Heloise Pfiffer
O homem é naturalmente um ser carente, necessitado de afeto e atenção. E durante sua vida encontra nos seus semelhantes este afeto, criando laços que, não necessariamente, vêm do sangue, que não necessitam de parentesco algum. Estes laços servem como alicerce para a construção de uma verdadeira amizade. Amizade que, devidamente cultivada, serve como pilar na construção do caráter de cada indivíduo.
Disse a canção: “amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Este é o desejo íntimo de todos, ter um amigo sempre por perto, dentro de uma caixinha, para quando a saudade bater, tê-lo logo ali ao lado. Acontece que não funciona assim.
A vida por si é uma constante mudança, cheia de idas e vindas. Hoje mora-se aqui, amanha se ganha um emprego e se vê morando do outro lado do pais. E então como ficam os amigos? Ficam para trás, e não há caixinha em que se possa carregar um amigo. E o momento em que se vê parte de si mesmo ficando para trás. Separações existem não só em amores, mas também em amizades. E esta é uma das separações mais dolorosas por qual o homem passa: a despedida de um amigo.
Contudo, quando a amizade é verdadeira esta suporta distâncias, o passar dos anos, suporta todas as possíveis barreiras. A amizade genuína é construída em cima dos laços do companheirismo. Ela existe sim. Não é possível levar o amigo da escola para a faculdade consigo, mas, quando o sentimento é verdadeiro, as lembranças vividas ficam. São estas lembranças que fazem parte da bagagem que cada homem carrega dentro de si, até o fim de seus dias, até o momento que a memória não ser errante. A verdadeira amizade existe e atravessa todos os obstáculos, pois sua real essência está dentro de cada um de nós, “debaixo de sete chaves, dentro do coração”.
kety