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ENTRE FUGAS E CONFLITOS


Cada vez que entro em transe
Desabo no precipício da instabilidade
Vago à procura de uma réplica
De algo que me convença
Que desfaça o inevitável
Sem alternativas,
Sigo a referência que tenho à minha frente: A caneta
E cogito que vou delinear um mapa
Traçar uma linha reta...
Ou proferir de amor,
De felicidade, de alegria... Da vida...
De coisas extraordinárias.
Um equívoco.
Sem direção
Navego no taciturno oceano
De uma folha de papel
Quando ancoro
Confronto com um fragmento da minha essência:
Algo disforme, inconsistente...
... Talvez inexistente...
Uma partícula da minha mente hiper excitada,
Da minha imaginação fértil
Que germina coisas inescrutáveis
Ou uma obra do Criador
Que me arrebata para mundos remotos,
Universos intocáveis, planetas inexplorados...
E coordena os meus movimentos motoros
Dando vida às letras,
Colocação às palavras,
Palavras, que interpretam enigmas,
Esclarecem fenômenos,
Patenteiam a vida...
... Figura o amor...
Uma restrita composição do meu “eu”
Um eu que para uns é alienado,
Para outros, anômalo;
Para muitos, indecifrável.
Para poucos, um dom,
Uma singularidade exclusiva...
Examino os atos da minha existência
À procura de algo absurdo
Não encontro nada
Mas outros olhos vêem labirintos,
Curvas sinuosas,
Abismos profundos
Abismos que enviam à tona
Coisas ilegíveis
Procuro ajuda
Fazem-me de cobaia
Para compreender a própria evolução humana
Fujo à procura de um lugar tranqüilo
Sou perseguido por um vulto
Volto à cabeça
Deparo com o vazio.
O vazio da minha existência
Ou EU me seguindo
À espera do momento para ser notado.
Entre conflito e esperançoso, pergunto:
“Por que essa perseguição?”.
A resposta foi rápida e objetiva
“” Não fujas de ti mesmo
Nem temas descobrir os teus limites
Alia-te ao teu eu
E converterás num ser imbatível!“
Olho para os lados
Uma multidão me cerca.
Sinto medo,
Sou invadido pelo desconforto
Fujo
As pessoas me assusta
Tiram a minha tranqüilidade
Só o silêncio, a solidão
Proporciona-me paz, segurança, serenidade...
Sinto o peito inflamar.
Um grito sai da minha garganta
Chamo por alguém que me entenda
Não sou ouvido
Não sou ninguém
Apenas um corpo que vaga
À procura do fim
Sem direção,
Obedeço ao instinto
E sigo o meu curso
Ouvindo os ecos dos meus passos
Soarem uma canção consternada
Que marca uma trajetória sinuosa
Entre fugas e conflitos.

Nildo Lage

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