Márcia Cristina Lio Magalhães: O Poeta Os poetas são seres estranhos, não são



O Poeta


Os poetas são seres estranhos, não são de falar, meio calados
Parecem estar sempre a observar cabisbaixos
a monotonia dos seres, que entre prazeres
observam da janela o vizinho
que lava o carro
que põe o lixo
que sai cedinho, não fecha o portão...

O poeta é solidão
é maresia
é pescador
é vaso sem flor
é chão...

Que poeta louco, não arruma a cama,
nem se levanta se houve um grito
Ah, o poeta é mito
Saudade do mar
Lembrança da infância
Rua de paralelepípedo

Ser poeta é viver
É não envelhecer
É amadurecer diante das desilusões

O poeta desvenda o mundo
Despe a tristeza
Desarma a alma, completa a gente
O poeta mente, mas faz sorrir...

O poeta é noite
é madrugada
é vento
rua deserta
janela que fecha
choro de criança...

O poeta é flor
é passarinho
é arvoredo
é rochedo
é mar revolto
lagoa calma
o poeta é alma....fugaz olhar...
é sorriso maroto
é bala de côco
o poeta é anjo que só faz sonhar....

Márcia Cristina Lio Magalhães

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