Março
Luizdespanha
Não sei por quê
Mas março vem com chuva
Que lembra despedida
Em seus lenços de nuvens,
Lenços estáticos num céu de mármore
E brisa dúbia de movimento
Com aromas incertos
Que passeiam devagar
Enquanto uma lua de presságios
Banha-se morta entre a névoa inconsciente
Das lápides de areia de uma praia,
Uma praia distante qualquer.
As chuvas de março trazem um silêncio,
Silêncio que lembra as lembranças
Que o sol ausente recusou lembrar.
Águas que como éguas no cio
Na relva molhada do peito
Cavalgam em ruidosa disparada
As cicatrizes vermelhas recentes
Dos sentimentos passados presentes
Que a onda do tempo levou.