Porque é único.
Patricia Antoniete
E é estranho e raro que eu saiba sempre que adjetivo vais usar, mas mais bonito ainda é a surpresa de saíres com algo que eu não suspeitava ser tão perfeito. E eu fico mais feliz quando o tempo passa e vamos conversando e conversando e conversando de assuntos que são quase obras de Escher e, em vez de ficarmos mais cansados, ficamos com mais vontade de. E rimos, um do outro e um com o outro. Mas rimos sobretudo de nós mesmos, cada um de si, confessando idiotices e fraquezas e bobeiras, porque estar à vontade é mesmo isso, rir de si mesmo com vontade e sem medo nenhum, acolhido, amparado, sem peso ou constrangimento das humanidades que nos aproximam e nos encantam. E eu te conto de mim e das coisas que nem eu mesma sabia antes de te falar e tu contas as tuas histórias como quem visita uma casa antiga, agora cheia de sol. E eu te deixo ver as feridas e tu me contas onde estão tuas fragilidades, e temos vontade que o tempo estanque, que a distância encurte, que se possa fazer isso tudo de pernas entrelaçadas esperando adormecer um sobre o outro, cabeça no peito, dedos emaranhados nos cabelos, um cheiro de pele que traz uma embriaguez mansa que não poderia ser chamada de outra coisa que não de paz.