"Pussy, um Amigo Inseparável"
Jaak Bosmans
O branco do lenço vinha-lhe como um aceno.
A vida naquele instante pareceu-lhe um caderno novo,
e o desespero era não ter nada o que escrever nele.
A sua saliva tornou-se agitada, batendo-lhe os dentes.
A paisagem resumia-se na cadeia de balanço.
A única luz provinha da lua.
Seu rosto, marcado pela violência dos raios, trazia uma expressão metálica.
Pussy, o gato lambia-lhe as mãos.
Seu poder de consumo ficou neutralizado pelos fios
telefônicos. Até o tempo havia se esquecido dele.
Moscas passeavam-lhe a face, enquanto, sem
recursos, procurava acariciar Pussy.
Seu funeral passou rápido pelas avenidas.
Nada de flores. Nada de choro.
A família desfez-se após a mistura: terra x homem.
As máquinas cinematográficas foram se afastando do local,
deixando como última tomada o túmulo, onde, em posição de espera, ficou Pussy.