Evan do Carmo
Evan do Carmo
Trair-te, não seria nada fácil,
Pois teu espírito anda ao meu lado
Trair-te, seria para mim um tanto complicado,
Um ato repugnante, cuspir no prato das delícias,
Das tuas virtudes, onde me fartei do teu sangue,
Que me garantiu vida e saúde.
Trair-te, não será para mim possível,
Entre nós não há divisão de alma ou de espaço
Não vivo sem o alcance da tua mão
Sem a proteção dos teus braços.
Trair-te, seria suicídio consciente,
Não se mata o corpo se a alma está ausente.
Trair-te, não será ação para um homem
Que se tornou um deus depois que o adoraste
Trair-te, coisa atroz que só pode ser praticada
Por um covarde, que não tenha conhecido
Tua alma clara e veraz.
Trair-te, não pode ter razão nem direito à vida
Quem em sã consciência fosse capaz.
Trair-te, eu não poderia, se é na tua lealdade
Que consigo ver motivação para minha insignificante vida.
Trair-te, é para mim algo improvável;
Pois é em tua alma que encontro frescor e ar respirável.
Trair-te, como poderia enterrar um filho vivo,
E uma mãe lactante?
Ou separar a lua dos poetas e dos amantes?
Trair-te, melhor parar com este funesto poema
Já está me faltando oxigênio para continuar,
Apenas com esta conjectura...
Evan do Carmo 04/10/2006