Cartas Marcadas
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
A morte tem um gosto de vinho, espinho
Que bebemos pra curar outra ressaca
Da nossa vida que de repente empaca
Nessa estrada que tem mais pó do que vinho
A morte tem um gosto de amar sozinho
Degustado nas noites, feito uma faca
Que nos adoece sem remédio, maca
Que atravanca, impiedosa, nosso caminho
Tem um cheiro de efêmero nossa morte
Quando, implacável, nos mata eternamente
Naquele instante em que ri de repente
E rouba nossas cartas e nossa sorte
E nos mata de manhã, com seu punhal
Rutilante, endiabrado, celestial