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O que podemos fazer diante das forças da natureza?


Se surpreendidos por uma tempestade de calúnias, podemos nos recolher aos invernos de nossa alma, ou, com o brilho de nosso sorriso, ofuscar a quem teme a luz do Sol.

Ao sermos testemunhas das picadas do preconceito, podemos nos unir ao enxame, ou, arejar nossa postura com as brisas da sabedoria.

Mordidos pelo lobo da traição, podemos acoitá-lo até a morte, ou, domesticá-lo nos bastidores dos nossos pensamentos, alimentando-o com poesia e filosofia.

Quando o nosso errante barco de desejos for sorvido por um maremoto de fracassos, podemos afundar em desespero, ou, nadar rumo ao mistério do nosso ser para contrabalançar as forças navegantes da emoção.

Sendo esquecidos à sombra branca do deserto da solidão, podemos nos tornar areia e padecer, ou, encontrar o acolhedor oásis que há em nosso coração e atrair novos amigos e amores para o recomeço da jornada.

Ao termos o coração dilacerado pelas feras da inveja, podemos enterrá-lo ainda em vida, ou, auscultar suas mais belas e sutis vibrações de esperança.

Ao sentirmos os tímpanos de nossos dogmas explodirem ante o uivo dos ventos da mudança, podemos engessar o nosso espírito, ou, nos transformar em uma borboleta azul e pairar sobre um novo jardim.

Ao ter os pilares de nossa personalidade abalados por um terremoto, podemos não compreender e agredir, ou, escorar nossos sentimentos nos ombros de verdadeiros amigos.

Quando nossa saúde estiver à mercê das faíscas de um incêndio, podemos espalhar o destempero, ou, aceitar nossas lágrimas como um bálsamo de Deus que nos saúda para um novo tempo.

Diante dos olhos da ave portadora da boa-morte, podemos não compreender o seu propósito de vida, ou, tornar o seu vôo um passeio de coragem para nossos filhos.

Augusto Vicente