André Luis Aquino: O poeta e a cortesã Por que eu dentre todos esses



O poeta e a cortesã


Por que eu dentre todos esses mortais tenho que merecer tanta dor? O amor em mim sempre foi um ato dramático da vida. E esse suplício rouba-me muitos anos de minha eternidade. Não posso controlar o que sinto e nem por quem irei sentir. A luxúria transformou em fogo a nossa amizade.
Os olhos daquela cortesã insistiram em me devassar, estavam só escolhendo onde iam me cortar, me fez em pedaços com sua boca, mordeu minhas pernas, coxas, barriga, pescoço, orelhas...a ponta da língua dela sabe o gosto das paixões e nosso desejo foi sendo traduzido em vozes.Nossos gemidos tornavam-se canções.
E ela foi cantando, seu grito vinha de seu ventre, galopando em desafio sobre meu corpo fui conhecendo a mulher que mora dentro dessa cortesã. E quando eu finalmente fiquei louco, ela renovada tornou-se sã....

“Esquecimento! - mortalha para as dores -
Aqui na terra é a embriaguez do gozo,
A febre do prazer:
A dor se afoga no fervor dos vinhos,
E no regaço das Margôs modernas
É doce então morrer!

Depois o mundo diz: - Que libertino!
A folgar no delírio dos alcouces
As asas empanou! -
Como se ele, algoz das esperanças,
As crenças infantis e a vida d'alma
Não fosse quem matou!...”

Casimiro de Abreu - Dores

André Luis Aquino

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