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Um dia de manhã, ao acordar, hão-de acontecer coisas para as quais não estava minimamente preparado até então. Levanto-me e começo a trilhar novos caminhos sem destino nem regresso. Levo comigo todas as lembranças guardadas em recordações, afim de evitar poder vir a esquecer-me das minhas origens e morrer a saudade nesse prelúdio. E parto sozinho.
Ao retornar mais conhecedor de quem realmente era e de quem agora sou. Farei por nunca perder o sentido da vida. Aquela que conheço e sinto, e outra que ambiciono desbravar em azinhagas por onde não passou mais ninguém, porque quero lá permanecer sozinho em inexistentes homofobias. Apenas complacente num status quo de conhecimento e paz. Sem a miscelânea dos outros nem disfarces execráveis encenados onde a fusão resplandecente em mim se fundirá só no eu, renasço dentro de mim e liberto o homo sem omitir a espécie de que sou feito.
Nessa terra de ninguém, construo uma cabana junto a um rio que passa ao lado da cama, é nela que me deito no sossego de todas as noites. Aprendi que precisava dar-me ao mundo, partilha-lo, perde-lo de seguida, para depois me encontrar. E só espero que tu chegues um dia.
O céu, as montanhas à minha volta, e o crepúsculo do dia são a única companhia na minha presença. Sinto só o semblante permanecer numa metamorfose equilibrada com a natureza e o espaço dentro do meu corpo doutro amanhecer. Ser feliz não é estar permanentemente bem o tempo todo. Mas olhar para todas as coisas com maior contemplação sem nos exigir o eterno arremesso. Liberto-me do progresso e usufruo da natureza para equilibrar todos os meus sentidos. Aqueles que já possuo na noite e outros que ainda os desconheço durante o dia. Talvez aí, sinta que vivo. Olho as estrelas, medito, e seria aí que talvez também quisesse estar.
E então, um dia voltarei quando a tristeza for apenas uma miragem, e a alegria uma condição sine qua non desse oma-quisi melancólico do hemisfério da vida.

Andy More