DESEJOS
Ronaldo
Inútil crer
Se nos criamos máquinas
Com terminais perfeitos
Acariciados por mãos,
Mãos do dever e do pavor....
Mesmo sendo impossível negar,
Esse pavor (desejo de busca)
Condensa-se no ar.
Erramos ao amar
Se nos sabemos donos de corpos vacilando
Aos vinte, trinta e poucos anos
Apenas tinta desbotando.
Insensato o cio
Se nos queremos
E retesamos nossos músculos dia após dia
Deixando nossas almas
Esvairem-se gota a gota numa pia.
Insano pensar
Em nos dividir
Para docemente somar
Duas vontades
Se na verdade
O que se traduz dentro do peito
Bate, bate até quebrar
Volta em mim por um só instante
Consciência perdida
Vem, emparelha-te com o presente,
Mesmo que seja somente um começo.
Deixa que o sol apareça em minha face,
Que a terra se disfarça em risos
E estrondos de alegria.