Inês Pinto: À procura do amor Amor quem me diz o que é? Há



À procura do amor

Amor quem me diz o que é? Há tanta gente a defini-lo que estou confusa! Quem o viu? Existe? Como posso eu acreditar numa coisa que não vejo? “Feliz aquele que acredita sem ver”? Somos felizes na ilusão da existência de algo que os nossos olhos não confirmam?
Olho à minha volta, imploro aos meus olhos que descubram aquilo que toda a gente procura sem saber o que vai encontrar.
“Amo-te” diz ele, será que descobri? Volto no dia seguinte à procura naqueles olhos o que julgo ter encontrado; não está! Amor é algo que se vê e desaparece?
“Amo-vos família” diz ele, o meu coração bate, parece que encontrei o verdadeiro amor. Volto no dia seguinte à procura naquela família o que julgo ter encontrado, não está! Ele partiu para nunca mais voltar deixando a família banhada em grossas e cruéis lágrimas. Amor é algo que serve de arma para magoar o outro fragilmente apaixonado?
A minha alma está fraca, canso-me de procurar por ele, começo a acreditar que não existe, será que foi tudo inventado? Sofri por saber que o pai natal não passava de um ilusão criada pela coca-cola, será que vou-me desiludir também com o amor?
“Amo-te amiga” diz ele. Os olhos deles brilham de encantamento. Sento-me silenciosamente contemplando as palavras reconfortantes que dizem. Encontrei-o, desta vez encontrei mesmo! Sorrio. Volto no dia seguinte à procura naqueles amigos o que juro ter encontrado, não está! O amigo cansou-se da amiga deixando-a sozinha perdida no seu mundo, deixou-a sem lhe explicar se houve ali amor, deixou-a quando ela mais precisava! Amor é alguma coisa de usar e deitar fora? Amor cansa, esgota? Amor abandona o outro quando este mais precisa? Amor esquece que amou? Amor mente, engana ao ponto de dizer “amo-te” quando despreza?
Cansei-me! Procurei por todo o lado, corri tudo, tentei confirmar o inconfirmável, não vi o Amor. As lágrimas correm por mim a baixo, quem o terá inventado? Cá para mim foi uma editora de contos de fadas, deviam ter vergonha, enganar as criancinhas com o “amaram-se para sempre”.
Lamento se constatei aquilo que tu tinhas medo de constatar, Amor não passa de ilusão criada por alguém que achou divertido gozar com os outros! O quê? Não concordas? Então explica-me porquê não o vi? Agora respondes “ porque procuras-te com os olhos em vez de procurar com o coração, porque o Amor não se vê, sente-se”. Talvez, mas estou vazia de mais para sentir frio quanto mais para sentir Amor.

Inês Pinto

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