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DAS IGUALDADES ENTRE OS SERES

Nascemos, crescemos, vivemos. Todos muito parecidos nas características físicas, mas , por via de regra, mentalmente muito diferentes uns dos outros, se bem que tenhamos, primordialmente, os mesmos sentidos e sentimentos. E se a vida oferecesse igualdade de condições morais e materiais a todos, com toda a certeza não haveria ninguém mais ou menos feliz do que seus pares ou semelhantes.
Mas há pessoas que costumam confundir os sentimentos ou as circunstâncias que os envolvem, gerando crises existênciais para si e para o meio ao qual pertencem, como há, em contrapartida, outras que fazem exatamente o oposto, buscando a felicidade na simplicidade da vida, no simples fato de existirem, de serem pensantes, sentimentais, e por encontrarem no simples ato de viver a maior preciosidade até então imaginada.
Isto posto, não faltará quem venha a questionar-se se poderia existir felicidade num meio onde todos se igualassem, se não houvesse a competição, se não fosse próprio da natureza, tanto dos seres animados como dos inanimados, o jugo dos mais fortes sobre os mais fracos, como uma questão natural de sobrevivência, sendo inevitável um processo seletivo.
Em princípio a ciência buscaria nas características mentais do ser humano uma resposta que somente encontraria na filosofia ou na antropologia abrangentes, pois não bastaria estudar comportamentos mentais biológicos, mas muito mais os aspectos associados às escolas doutrinárias que se fizeram marcantes em toda a história da humanidade.
Contudo, apesar do que citei até aqui, imaginemos um mundo onde todos tivessem o mesmo perfil psicológico e as mesmas condições socioeconômicas. Seria isso possível? Teria sentido viver a monotonia de uma constante igualdade entre os seres? Está claro que não. Por isso as criaturas não são feitas iguais, não nascem iguais e não têm as mesmas chances de galgarem idênticas posições na escala social de valores espirituais ou materiais.
Daí surgem as maiores dúvidas quanto á eficácia de qualquer regime comunista, socialista ou libertário, porque jamais deixarão de existir os de maior poder de mando ou de persuasão tentando comandar pessoas que jamais serão iguais. Prova maior disso consegue-se vasculhando escolas, quartéis, etc., onde nem mesmo com uma rígida disciplina pode-se obter homogeneidade de comportamentos ou de pensamentos.
Assim, devemos crer que o melhor meio para se viver bem é aceitar as diferenças inatas ou causais de cada um, até que se chegue a uma interface que interaja com eficácia entre as várias normas de comportamento até então conhecidas, até que o próprio ciclo evolutivo se encarregue, a longo prazo, de determinar menores disparidades entre os seres, o que aliás vem ocorrendo de maneira até aceitável, embora muito lentamente. Mesmo assim há um grande retrocesso em várias sociedades do planeta.

Cairbar Garcia Rodrigues