Roda o tempo, que ruges e murmuras,
Mathilde Wesendonck
Medidora da eternidade;
Esferas luzentes no vasto todo,
Que rodeais o mundo;
Criação eterna, pára,
Basta de devir, deixa-me ser!
Sustém-te, força geradora,
Ideia original, criador eterno!
Detém a respiração, cala o teu impulso,
Fica em silêncio só por um minuto!
Pulsos inchados, reprimi as pancadas;
Acaba, eterno dia do querer!
Para que em doce e abençoado esquecimento
Eu possa apreciar toda a felicidade!
Quando os olhos nos olhos bebem docemente,
E a alma se afunda completamente na alma;
Quando o ser no ser se reencontra,
E se anuncia o fim de toda a esperança;
Os lábios emudecidos num silêncio maravilhado,
E o mundo interior nada mais deseja:
O homem reconhece o sinal da eternidade,
E descobre o teu enigma, ó santa natureza
P.S.: Esse é um dos poemas que inspirou o compositor Richard Wagner na composição de sua Ópera “Tristão e Isolda”