Mar Rendado
Rebeca Funke
Veneno...
Eu não passo disso para suas veias.
Eu corrompo tudo o que você pensa
e sente.
Como um vício,
que é capaz até de substituir outro,
pode ser algo bom
ou saudável?
Num futuro distante,
numa praia com ondas de espuma branca,
como o vestido que espero usar
para um propósito eterno,
eu me imagino ao seu lado
com ambos aceitando o futuro
até que a morte nos separe.
Porém, eu não consigo imaginar o meio disso.
Eu não consigo ver entre o hoje e o infinito.
Será que é pela distancia absurda...
...ou pelos caminhos tortuosos?
...ou pelo medo de pensar que meu amor
pode não ser suficiente para te provar que:
por mais que este veneno,
que aqui te escreve,
sem saber exatamente que palavras usar...
...que apenas por um impulso,
promovido por este vazio
e por esta saudade doentia,
resolve tentar palavrear tudo o que sente,
através deste poema que,
assim como eu,
não tem ritmo, rima, forma, conteúdo
ou perfeição.
Provar que,
como você,
meus defeitos e irregularidades
e, principalmente, inconstâncias
são apenas parte de mim.
E que você é o ar que eu respiro...
a metade da minha laranja...
meu cliche preferido.
E espero que seja
até o infinito e além...
Ou, pelo menos,
até que digamos "sim"...
... ao som de ondas com rendas brancas.