Roberto Cabrini
Toni Rodrigues
A prisão do jornalista Roberto Cabrini, ocorrida ontem em São Paulo, pode ser interpretada de várias formas. Numa delas, estaríamos tratando com um perigoso e voraz usuário de drogas pesadas. Ele foi preso supostamente portando uma grande quantidade de cocaína. Na outra ponta, poderíamos analisar como aquilo que nos parece mais confiável: a de que o jornalista esteja sendo vítima de uma tremenda armação por parte de setores do crime organizado aos quais combate em sua atuação profissional.
Comprometido com a verdade, Cabrini é reconhecido internacionalmente pela sua coragem, determinação e capacidade em descobrir a notícia onde quer que ela esteja. Ele foi responsável pela descoberta de PC Farias, então fugitivo da Justiça brasileiro e que estava escondido na Inglaterra. No Piauí, ficou conhecido por denunciar juízes e desembargadores supostamente com vendas de sentenças para prefeitos e vereadores corruptos. O caso ganhou repercussão em todo o país e resultou no afastamento de várias autoridades do Judiciário piauiense.
Difícil acreditar que Roberto Cabrini esteja envolvido com drogas, principalmente porque ele não tem histórico de uso de drogas. O histórico de Cabrini está muito mais relacionado à luta em defesa da liberdade de expressão e de informação do que a qualquer tipo de prática ilegal.
Cabrini foi preso em companhia da namorada. Foram encontrados 10 papelotes de cocaína em seu carro. A mulher disse à polícia que ele é usuário da droga há pelo menos 3 anos. Mas a TV Record, empresa na qual o jornalista trabalha atualmente, reconheceu que ele estava realmente produzindo uma reportagem investigativa sobre o PPC. Cabrini queria desvendar as causas dos ataques ocorridos em SP no ano de 2006, quando ocorreram eleições para presidência e governos estaduais.
Há suspeitas de que o movimento tenha tido orquestração política, o que poderia apontar a ligação entre destacadas autoridades da República brasileira com os chefões do crime organizado em Sampa. Junto com o jornalista, havia um cinegrafista e um produtor da Record. Os dois estavam em outro carro que vinha um pouco atrás do carro dirigido pelo jornalista no momento da prisão. Eles prestaram depoimento e confirmaram a versão de Cabrini.
Ainda estamos no terreno das hipóteres. Como é muito conhecido, é natural que haja neste momento milhões de bolsas de apostas em andamento: Cabrini é culpado ou inocente. Não jogo pedras em ninguém e jamais atacaria um colega de profissão. Minha idéia é de que deixemos as autoridades cumprirem o seu papel, porque no fim a verdade prevalecerá. Acredito na inocência do jornalismo e não poderia ser diferente com Francisco Roberto Cabrini.