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O PLÁGIO DE SARAMAGO...OU NÃO

Não sei nem como enquadraria este texto. Seria como uma resenha de quem durante quinze anos viveu da crítica literária, só deixando de fazê-la por uma questão de ética. Não seria justo comentar alguém que exerce o mesmo ofício que eu. Mas alertei leitores, aqui no Brasil, que José Saramago, por coincidência ou não, escreveu em seu romance, Levantado do Chão, a mesma história que seu compatriota português, Manuel da Fonseca, escreveu anteriormente em Seara dos Ventos. Reparem que ambos os livros foram publicados, em Portugal, pela mesma editora Caminhos. Nada tenho contra Saramago, que inclusive tive a honra de entrevistá-lo aqui no Brasil, como repórter da revista Manchete. Como uma autora, aqui do Luso, que, aliás, respeito por ter tido a coragem de denunciar um vergonhoso caso de plágio, questiono: quem denunciaria Saramago? Quem ousaria a dizer que, ao menos para mim, a obra de Lobo Antunes, tardiamente chegada ao Brasil, é bem melhor do que a dele? Lobo Antunes é tímido, evita entrevistas, não tem o marcketing do seu par de ofício, o que não condeno. Só aproveitei a situação para levantar esta questão. Acho que poetas que preservam a boa poesia deveriam, com todo respeito, procurar ver que a obra, pelo menos em versos, de Saramago é muito ruim. E depois de Memorial do Covento -romance primoroso-, exceto Ensaio Sobre a Cegueira, nada mais ele escreveu de produtivo. A exemplo de Machado de Assis nunca devia ter escrito poesia. Seu romance Jangada de Pedra é um lixo, ele próprio me reconhceu isto na entrevista em que me deu. Alguém se levantará para dizer o contrário? Prêmio Nobel nada diz. Nem sempre é honesto, como o Oscar, no cinema.

Julio Saraiva