Esse espaço sem papel não permite meu tato, mas me permite existir pra mais formas de amigos. Por isso e por fim me permito essa inconsistência diária. Buscar fragmentos de luz dividindo o dia em horas, horas em momentos parados onde os vejo impregnados de aromas e sabores e cores e antes que se desfaça pela dureza do momento seguinte eu os guardo dentro da minha caixa de sapatos ou os formato em sementes.
lobo
Me permito ser feliz lembrando minhas ausências, meu estado embrionário onde as perguntas se formam e ali não sou mais eu senão a pura curiosidade.
Me permito um discurso que beira o imoral (não da minha moral), um discurso que invade as calcinhas com sua língua bifurcada, lendo o gozo e o grito.
Me permito andar na sombra de árvores imaginárias, suado, descalço e inutilmente culto, porque sei do que não sou feito e isso pra mim é tão fundamental como saber do que é feito as maçãs.
Sou minha crônica: diária, inconsistente, impertinente e feliz – sou feliz, porque sempre fui feliz.