David Saleeby: Levado pelo vento O amor é como o vento; que sopr



Levado pelo vento

O amor é como o vento; que sopra e leva com ele aromas que emanam de não se sabe onde, mas que apenas se sente; e por muito sentir é que se deixa levar por ele o coração, a alma, para longe, para onde o vento quiser, de forma a aquietar a mais lépida das razões e despertar, do cárcere, do seu âmago, a paixão, prisioneira encerrada nos homens mais avarentos e materialistas. Nestes, entretanto, a raíz é menos profunda e não-rija; caem, com efeito, como juncos secos à menor centelha do amor, à mais suave brisa, ao mais ligeiro perfume.
O amor, enquanto vento, deveria refrescar a todos, de mesma forma; como o outeiro que é abraçado pelo tempestuoso vendaval; vê-se, infelizmente, uma maré floral onde espalham-se os juncos de rasa raíz e, a compensá-los, o forte e maduro carvalho, que balança e dança ao som e ao movimento do mais incompreensível dos ventos.

David Saleeby

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