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Soneto do Eu-sozinho.

Do gritante silencio que aqui se fez
Recaiu-me subitamente a saudade que estou
E a frase é o que entrega o que ficou
Soneto do Eu, sozinho outra vez

Sentada em meio á lembranças tento dizer
Mas só escrevo o que não sei falar
São as palavras que quero lhe mostrar
A tua ausência prejudica o meu querer

Pra quem é mistério, não instigo a conhecer
A sensação de adeus nos olhos de quem se adora
E o emudecimento questiona:- Você vai voltar?

Um vazio se antecipa antes que vá embora
O animo enobrecedor me incita a procurar
Saudade é a presença do que não posso ver

Absolutamente só, desvirtuo a madrugada
Vislumbro meus improcedentes pensamentos
Ressinto aqueles frágeis momentos
Que me tornam ainda mais fascinada

Quantas foram as noites em que te sonhei?
A carência me obriga a ouvir a sua voz
E até agora desconfio da palavra “nós”
Só eu lembro das vezes que me machuquei

Ás vezes pude crer que era tarde demais
Até escondi alguns anseios no passado
Me convenci que poderia falhar

Deixei muitas oportunidades de lado
Agora eu sei que precisarei recomeçar
Acertar ou aceitar, sem medo de olhar para traz

Solitário!Solicitando solidariedade do amor
Carente!Cedendo cascata de carinho
Sonhando!Meu sorriso sobrando sozinho
Desejando!Dominando, despistando a dor

Então, o que eu poderia lhe dizer?
Almejo alguém exclusivo, tão meu
Encontro olhares e neles vejo o seu
Não vejo saída, nem pra onde correr
E quem irá me obrigar?Recuso-me a lhe esquecer!
Ainda que seja palavra final o adeus
Me convenço apenas a deixar para depois

Seria castigo esquecer os olhos seus
Pois um dia houve um “Nós dois”
Razão fundamental do meu sofrer

Tudo bem, entendo, não precisa lembrar
Já sei há tempos que não sou perfeita
Se o assunto é você, eu sou suspeita
Vou fechar os olhos quando você chegar

Quantas paginas eu já escrevi?
De um mesmo alguém, meio assim
De sorriso perfeito, foi feito pra mim
E eu sempre aqui.Sozinha te vi.Sozinha sorri.

SuéLen C. Cruise