Um outro dia, embaixo da chuva, esperamos um barco à beira de um lago; a mesma lufada de aniquilamento me atinge, desta vez por felicidade. Assim, às vezes, a infelicidade ou a alegria desabam sobre mim, sem nenhum tumulto posterior, nenhum outro sentimento: estou dissolvido, e não em pedaços: caio, escorro, derreto. Este pensamento levemente tocado, experimentado, tateado (como se tateia a água com pé) pode voltar. Ele nada tem de solene. É exatamente a doçura.
Roland Barthes