Quisera em teu corpo mergulhar como se fosse o mar.
Sônia Schmorantz
Ir até o fundo sem mágoas ou medos, flutuando
Ao sabor das tuas ondas, com a cabeça mergulhada
Em teu peito...
Sob a clara luz da lua cheia, que entra pela janela.
Ao som suave das ondas quebrando na praia,
A ti vou revelar meus anseios, minhas dúvidas.
Entrelaçando meu corpo ao teu, afogarei minha alma,
Até que um cheiro de amor venha do mar e de você,
Inundando o quarto, seduzindo a noite...
Quisera dar-te o mar que tanto amo também,
O tranqüilo mar da nossa ilha e essa linda madrugada.
Quisera te fazer acreditar nesse amor, no mudo assombro da
Minha alma diante de ti,
Nos murmúrios místicos do meu coração quando nos tocamos
Sob a lua dessa ilha...
Quisera eu penetrar no teu coração agora, nesse momento em que lês,
Conhecer a profundeza dos teus pensamentos, para sair
Dos momentos de indecisão e inquietação,
Quisera mesmo, é ouvir tua voz dizendo que está tudo bem.
Que o sonho ainda perdura na imensidão do nosso coração,
E que todas as rimas não rimadas desta minha inspiração,
Palavras que escondo no azul do céu e no fundo mar,
Pintem de azul o nosso dia para que estejamos sempre bem.
Meu amor, azul da cor do mar, está aqui,
É só acreditar e vir buscar....
Estendida e silenciosa dorme a noite,
Sônia Schmorantz
Serenidade outonal que paira sobre o mar.
Noite que abraça a terra em singelo amor,
Lentamente na aragem fresca dos dias...
Serena e descalça, percorro os olhos na noite
E ate que se faça o frio, falo com as estrelas.
O olhar vai sendo acariciado, seduzido,
Iluminado pela mansidão desse negro manto.
Noites serenas, sem vento, sem frio, sem calor.
Noites suspensas numa pausa mágica, celeste,
Vozes que se fazem murmúrios na brisa que vem do mar...
Noites serenas de sonhos e canção,
E ate que um novo dia rasgue esta serena solidão,
Quero ficar recostada em plácido silencio,
Perdida em sonhos nesta noite de outono...
Escrever, mais do que um dom
sonia schmorantz
É criar, pensar ,recordar
Deixar meu íntimo navegar,
Transportar as barreiras,
Ver nas palavras a verdade,
Sem censura...
Deixar voar os pensamentos
Criar e recriar sem limites a beleza
Parte de minha vida,
Com o direito de sempre sonhar...
Entre maiúsculas e minúsculas
As palavras vão surgindo
Soltas, deslizando sem segredos...
Bailando sobre o papel ganham sentido
E nas longas noites vazias,
Quando a saudade se espalma,
Saio em versos que escrevo
Espalhando fantasias...
Dos rabiscos surgem sonhos,
Consolo e eterna companhia...
Quando te amei, amei cada instante, como se fosse único.
Sonia Schmorantz
Quando te amei, sonhei com uma vida diferente...
Quando te amei, não dei flores, mas dei a mim mesma.
Quando te amei, eu te sentia perto, podia te abraçar sem sair de casa.
Quando te amei, também briguei, porque é assim que sou, mas lutei
Para ter sempre você...
Quando te amei, não era tudo perfeito, fiquei triste, chorei, me magoei
Mas a vida tinha mais cor, mais sabor, mais calor...
Quando te amei, eu não era só mais uma, mas um ser privilegiado.
Quando te amei, deixei de sonhar com anjos para dormir com um deles.
Quando te amei, me senti segura e o teu abraço levava as tristezas embora....
Agora fica a incerteza do que virá, a certeza de ter desiludido quem amava.
Agora que não tenho, entendi que não sou privilegiada, sou só mais uma
Daquelas que nasceu para viver e morrer sozinha...
Machuco as pessoas que me amam e a culpa machuca a mim também,
Mas não consigo aceitar que tudo que foi dito e feito seja esquecido,
Que as dúvidas superem a razão
Que as fantasias tornem ásperas as palavras de quem disse que me amava.
Amei, chorei e sorri e minha parte deste privilégio perdi,
Agora não sei....falar de amor não adianta mais...
Adormeço nesse oceano que me cerca
Sônia Schmorantz
E suave como um crepúsculo a solidão arrebata minha alma.
Então escrevo...
Escrevo para quebrar a solidão dos meus dias
Abraçada neste mar de estrelas que entra pela janela.
Escrevo sem rimas, sem cuidado, sem nada...apenas escrevo
Buscando acalmar a solidão da alma ...
Escrevo para provar o sabor do vento, para ser chama,
Para encontrar a calma, mesmo que distante.
São devaneios noturnos, coisas loucas que se sente,
Então escrevo...
Palavras para uma carta, na garrafa a ser lançada no mar,
Uma mensagem deixada a própria sorte
Para atravessar o mar...
Este mar de solidão...
Sinto o vento do mar soprar em meu rosto
Sônia Schmorantz
Fecho os olhos para senti-lo tocar minha pele.
Seria este vento invisível a mão de Deus?
Acho que sim...
Todas as grandes mudanças na minha vida
Foram precedidas por um vento vindo não sei de onde,
Como quem sopra as velas de um barco
Que precisa ir mais longe...
Seria o vento o destino?
Levando este barco para novos lugares?
Talvez eu seja o próprio vento,
Porque nem todos vêem o vento
Assim como não vêem a mim,
Mas me alcançam pelas palavras,
nesta busca infinita
De mim mesma...
Talvez o vento venha para juntar meus retalhos,
Para depois contar histórias de vida,
De vidas tantas que suavizam o cansaço, e
Que me protegem feito manta colorida,
Embalando sempre meus sonhos.
Tenho andado a pensar, a descansar...
sonia schmorantz
tenho estado por aqui e ali, com sorrisos de uns,
palavras de outros e já estou a pensar que estou quase a ir embora...
Devo ter feito muitas coisas erradas,
para que nada dê certo e neste momento estou assim,
com um pensar diferente... cabisbaixo,
digo sempre que deve ser só hoje, mas os dias passam
e nada acontece, perdi meu lugar nesse mundo, eu acho...
Claro que podem ser feitas muitas interpretações,
mas neste sentir da minha vida, mesmo que eu
me ache alguém com um espírito de grande aventura
para não me prender a ela...
mesmo que eu não seja simplesmente isso,
mas simplesmente eu... mesmo que eu conseguisse
inspirar-me e escrever algo meu... hoje estou assim...
com o coração apertado e medroso,
acho que não consigo mais tirar estas nuvens.
Quantas vezes me pergunto se estive certa
em todas as decisões que tomei,
de não deixar mais a porta aberta para uma vã esperança.
Apetece-me desistir de tudo
de tão cansada que estou de procurar meu espaço.
Estou rodeada de sorrisos, mas as dúvidas me fazem parar,
não consigo deixar de olhar o mar,
nem deixar de pensar.
Não o mar-caminho, mas o mar-destino,
o mar, túmulo fechado para o tempo.
Se alguém me perguntar o que ainda me faz feliz,
Sônia Schmorantz
vou somente responder:
Sentir o calor do sol no meu rosto.
Escutar de olhos fechados os sorrisos
e as vozes das pessoas que se aproximam,
Olhar o mar pela janela do ônibus,
Viajar nas páginas de um livro.
Conhecer o amor na força de um beijo.
Saborear um café bem quente.
Acreditar em Deus e enfrentar a vida,
Mesmo que sem esperanças às vezes...
Relaxar num banho quente.
Sentir o perfume de lençóis recém lavados.
Contemplar o pôr-do-sol da sacada.
Passear de mãos dadas.
Namorar o Eduardo.
Um sorriso de paz.
Quem gosta de escrever é um viciado
Sônia Schmorantz
não consegue mais deixar,
se lhe falta o papel
falta-lhe o chão,
se lhe falta a letra,
falta-lhe o ar...
Errado ou certo
importa que quando
sua alma ria ou chore
haja sempre uma
caneta por perto....