o velho fusca
Rogério Viana
teimou em não pegar
- traz água quente !
barco pesqueiro
Rogério Viana
dia inteiro no mar
nenhum peixe
Almas gêmeas.
Rogério Viana
A minha geme e a
outra não se acalma.
monte de lenha
Rogério Viana
do calor do fogão
a fuga da lesma
cheiro de poeira
Rogério Viana
no quintal de terra batida
- chuva fina
para ele um sonho
Rogério Viana
ela detestava goiabada
- merenda trocada
Lágrima aflora.
Rogério Viana
Na música lá fora
uma alma chora.
a menina nasceu
Rogério Viana
aos olhos do avô ausente
uma mãe, duas meninas
(para Marcela Viana Franzol, minha primeira neta, nascida em 15 de abril de 2005)
tucanos e araçaris
Rogério Viana
não são bem-vindos
- bem-te-vis furiosos
nuvens negras
Rogério Viana
vento esparrama
o trigo colhido
NinfomanÃaca.
Rogério Viana
Sua demonÃaca mania me
levou do céu ao inferno.
Brilho, estrela cai
Rogério Viana
feito colÃrio no olhar
- vira haikai
Encontro fugaz.
Rogério Viana
Neblina abraça o velho
lampião de gás.
Encontro fugaz.
Rogério Viana
Neblina abraça o velho
lampião de gás.
não adianta correr
Rogério Viana
todos os marimbondos
são invencÃveis
Canta alegre o sabiá
Rogério Viana
faz folia o bem-te-vi
- natureza assovia
caem folhas no pátio
Rogério Viana
um choro invade o quarto
na alegria dos avós
Pelo calor de agora
Rogério Viana
pinhão no inverno
- quente, quentão
chuvisqueiro
Rogério Viana
no telhado meia-água:
simplesmente vapor
alvoroço na palmeira -
Rogério Viana
entre coquinhos e bem-te-vis
o bico do tucano
manhã fria
Rogério Viana
na cumeeira do galpão
quatro sabiás
aos olhos do velho
Rogério Viana
o carrossel ainda brilha
- alegria de criança
tempestade
Rogério Viana
a enxurrada de folhas
favorece as formigas
frente ao lago
Rogério Viana
mulher veste cor-de-rosa
e alonga-se no azul
fina garoa
Rogério Viana
grama verde esmeralda
com brilho de diamante