gato no telhado
Rogério Viana
silêncio na laranjeira
sabiá nem pia
sonhos da infância
Rogério Viana
perdidos no passado
- carrossel vazio
ração de curió
Rogério Viana
na gaiola do padrinho
larvas novinhas
hibisco vermelho
Rogério Viana
no calção do menino
Havaà é no Paraná
Somos retas paralelas.
Rogério Viana
Amor possÃvel de se
encontrar no infinito.
depois das sobras
Rogério Viana
pardal é lanche do gato
- hora do recreio
final da festa
Rogério Viana
chegam as formigas
ao farelo do bolo
Reflete a garça
Rogério Viana
no olho do sapo
- mergulho
lua na madrugada -
Rogério Viana
o primeiro canto do sabiá
desperta a vizinhança
pardais em festa -
Rogério Viana
esparrama pelo chão
a batatinha da menina
Gula. Ensandecida, louca.
Rogério Viana
Ela engoliu-me todo
com sua faminta boca.
Alguém lá, eu aqui
Rogério Viana
ele, charuto cubano
eu, nem cinza
Saudosa e fria
Rogério Viana
Curitiba grita e cala
- poeta não fala
Ipê florido -
Rogério Viana
a rã tem companhia
de pétalas amarelas
um bin-laden magrinho
Rogério Viana
corre atrás do Super-homem
- batalha de confetes!
Periquitos na palmeira
Rogério Viana
nem sobrou coquinho
- vôo sobre o pomar
Atrás da cortina
Rogério Viana
sofre e sorri a menina
- vida de atriz
vento de setembro -
Rogério Viana
no alto do pinheiro
uma rabióla
navios na costa
Rogério Viana
na rota dos ventos
as gaivotas
manchete
Rogério Viana
no meio do vendaval
jornal que dança
ipê florido
Rogério Viana
depois do longo frio
novo verde virá
tarde cinzenta
Rogério Viana
na árvore desfolhada
brigam dois sabiás
cheiro de bergamota
Rogério Viana
nas mãos da namorada
- primeiro beijo
as melindrosas de azul
Rogério Viana
e suas mal cuidadas barbas
- olha a cabeleira do Zezé!
pouca gente no
Rogério Viana
salão, no grito de carnaval
- Mamãe eu quero!