ninho de toutinegra
Rogério Martins
num alcatruz
que sede!
figos pretos
Rogério Martins
em farrapos nas figueiras
chuva de outono
silenciosamente
Rogério Martins
uma aragem enfuna
as cortinas enluaradas
de manhã no Tejo
Rogério Martins
que revoada de flocos brancos
as gaivotas!
a chuva põe-me grades na janela
Rogério Martins
um voo de andorinha
restitui-me o espaço
durmo sob uma oliveira
Rogério Martins
com o musgo
por travesseiro
uma pétala de rosa
Rogério Martins
no vento
ah, uma borboleta
um gato no telhado
Rogério Martins
para os pardais novos
que alvoroço!
sobre um ramo seco
Rogério Martins
uma folha se pousa
e trina ao vento
lua de setembro
Rogério Martins
lá fora o vento claro
varre as estrelas
o mastro do barco
Rogério Martins
com a lua
brinca ao arco
a sombra da nespereira
Rogério Martins
mergulha
na frescura do poço
rajada de vento
Rogério Martins
a lua estremece
na corrente
estrada poeirenta
Rogério Martins
de verão
figueiras enfarinhadas
ventania lá fora
Rogério Martins
uma mosca no rosto
lÃvido da vidraça
uma faúlha
Rogério Martins
ao sabor do vento?
um vaga-lume
por entre os salgueiros
Rogério Martins
clarão sedoso das águas
enluaradas
o vento a correr
Rogério Martins
leva a lua
na ponta de uma cana
após a festa da aldeia
Rogério Martins
ficou ainda um crepe
a lua-cheia
o céu resfria
Rogério Martins
a lua vestiu
uma charpa de bruma
princÃpio de outono
Rogério Martins
sol pálido
no céu branco
horizonte esmeralda
Rogério Martins
uma vela voga
em direcção ao céu
uma brisa quente sopra
Rogério Martins
um canto de rola
adormece o pinhal
à lareira
Rogério Martins
rom-rom do gato
ou da cafeteira?
tarde cinzenta
Rogério Martins
o nevoeiro
pulveriza o pinhal