NOCTEM
Rodrigues Bomfim
(Rodrigues Bomfim)
Ontem só pra lhe provocar cuspi um catarro esverdeado
Bem junto dos teus pés descalços juvenis
Contudo não houve recuo à minha cínica provocação,
Também não teve xingamentos. Ela nunca xingava.
Mas pela careta de reprovação Ela teve nojo sim!
Nojo das minhas sórdidas vulgaridades.
Nojo das minhas torpes sandices e malcriações.
No entanto Ela aceitava tudo por causa do que sentia... Amor.
Ontem debruçado na janela pestanejei encenando como sempre:
Então meu bem! Então...Vai ou não vai
Beijar meus mamilos. Sugar minha saliva fria,
Fazer-me sugar mel no teu umbigo
Adular minhas orelhas de abano. Meter comigo
Gozar depois de mim e minutos depois me expulsar da tua cama de solteiro?
Ontem olhei pro céu plúmbeo e me arrepiei. Era um céu cinzento endemoninhado
Gigantes redemoinhos de nuvens fazendo e desfazendo desenhos medonhos
Então loucamente se fez um monstro que parecia ferozmente desabar sobre mim
Em forma apavorante de dragão com língua sagital, garras e asas
E corpo de escamas com uma enorme cauda de serpente me ameaçando venenosamente
Mas de repente quando fechei os olhos abruptamente tudo se desfez!
Ontem Ela me apareceu tão triste! Misteriosamente longe da vida.
Foi bem depois que lhe rejeitara diante dos meus cínicos amigos viciados
Mas entenda! Eu não consigo mais me apegar às virtudes do amor
Sou mancha sórdida, volúvel inescrupuloso. Nazista descontrolado.
Mas mesmo assim Ela aceita minha personalidade desbotada
E continua a alimentar o meu ardiloso mar com suas lagrimas singelas!
Ontem notei que Ela não suportava mais minhas satânicas provocações
Finalmente ela tinha ódio no olhar. Será possível que enfim tomaste coragem!?
Agora que resolvi deixá-la por noves meses com meu sêmen contaminado?
Ela acha então de me ferir profundamente sem ao menos deixar eu me vestir!
Vingativamente risca minha alma torta do nosso mundinho!
Ontem me senti repentinamente esgotado enxergando diversos dragões nas nuvens.
Sentia lentamente minha retina embaçar e a alma fluir
Espraiando moribunda para além de mim mesmo!
Subjugado violentamente enquanto Ela ria e bailava
Como uma louca sobre meu ventre úmido vermelho viscoso.
(blog: http://rodriguesbomfim.zip.net)
PIRILAMPO
Rodrigues Bomfim
(Rodrigues Bomfim)
Vem Pirilampo!
Rogo-te que saí do campo e traga-me um abençoado encanto
Pois ando muito irritado e cansado com a rotina que levo
Ríspido com todos. Desejando a solidão. Sem ânimo pra viver
Vem Pirilampo assim em vôo lépido em minha acanhada direção
Faça-me situar no chão para eu ter força no coração
E total controle das emoções.
Vem Pirilampo!
Suplico-te que pouse em minha escancarada janela
Pisque sete vezes sua pujante luz fosforescente sobre meu espírito doente
E queime todos os meus sentimentos desagradáveis
Vem Pirilampo e ilumine este fraco espírito expurgando toda insegurança
Traga-me um pouco de sorte para que essa vida eu suporte
E não alcance tão cedo a morte
Vem Pirilampo!
E dardeje tua cintilante luz bem fundo na minha opaca alma
Um sereno bem estar pra fazer a minha mente brilhar para só pensar em coisas boas
Para a minha alma poder alcançar maturidade e brilhar com total vigor
Vem Pirilampo e pouse em meu frio ombro e tira-me dessa estranha letargia
Deposite em mim qualquer alegria e não deixe o meu espírito esfriar
Como se assim estivesse salgando no fundo de um frio escuro mar.
Desejo passar a chave mágica na porta da casa dos meus pensamentos problemáticos
Rodrigues Bomfim
Trancafiar todas as minhas frustrações lá dentro
E descansar do lado de fora dessa casa de idéias... A maioria delas fúteis.
Fechar os olhos e sair de mim, com os sentidos destituídos de apreensões!