Pelo espelho do carro,
Paulo Franchetti
Os campos que outrora foram
A casa do avô.
Não há comida
Paulo Franchetti
E as moscas se ocupam
Em fazer mais moscas.
Às dez da manhã
Paulo Franchetti
O cheiro de eucalipto
Atravessa a estrada
Azul e verde e cinza -
Paulo Franchetti
Olhando bem, o céu
É de todas as cores!
Trezentos quilômetros
Paulo Franchetti
Para não vos contemplar -
Mangueiras da minha infância!
Mamonas estalam.
Paulo Franchetti
Os cachos da acácia
Parecem imóveis.
Azul e verde e cinza -
Paulo Franchetti
Olhando bem, o céu
É de todas as cores!
Entre os mugidos do gado
Paulo Franchetti
E o cheiro de capim,
Nasce a lua cheia.
Acordo molhado de suor -
Paulo Franchetti
O sonho do banho
No tanque do quintal!
Com o vento frio percebo:
Paulo Franchetti
Semanas e semanas
Sem ouvir insetos.
Apenas vós,
Paulo Franchetti
Árvores de tronco branco,
Me garantis que retornei.
Mesmo molhado
Paulo Franchetti
Resplandece ao pôr-do-sol
O campo de algodão.
Um susto matinal:
Paulo Franchetti
na caixa do correio,
duas mariposas!
O lago da montanha -
Paulo Franchetti
Termina do lado leste
A tarde dos patos
Na casa do avô
Paulo Franchetti
Havia tantos pernilongos
Em noites como esta!
É quase noite -
Paulo Franchetti
As cigarras cantam
Nas folhas escuras.
Os grilos cantam
Paulo Franchetti
Apenas do meu lado esquerdo -
Estou ficando velho.
O calor sufoca.
Paulo Franchetti
De pouco em pouco,
Fogo e fumaça.
Patos selvagens.
Paulo Franchetti
Por que iriam dois para o norte
E dois para o sul?
No terreno baldio
Paulo Franchetti
Ainda cheias de orvalho,
Campânulas!
Ao virar a esquina,
Paulo Franchetti
Saindo de trás do prédio -
A lua cheia.