Como resistir ...
mfpoton
um olhar a ti
cor de rosa
em botão
um botão de emoção
menina mulher
revelando em seus olhos
o fogo do amor
num despertar de pétalas
desabrochando
nas manhãs carameladas
de primeiros raios dourados
de pétalas ritmadas
em ligeiro carrossel
bordada em detalhes
e orvalhos da noite
a cada nova revelação
no sensível
aroma frágil
cristalino
no revelar das paixões...
Se o acaso não nos arrasta
mfpoton
O que nos leva em arrastão
Se não o acaso, então...
Nos pega desprevenidos
Como paixão...
Mesmo sem querermos
E quando nos carrega contra a vontade
Os sonhos...
E ainda ter que encontrar força
Para seguir no fluxo
Porque se retiver, represa.
Estagna, pára.
Se em fluxo...
Num percurso correnteza
Senão do acaso
Então...
Freedy,
mfpoton
sua voz atravessa as camadas até a alma,
no mais profundo dos sentimentos...
Dessa inocência que cria a coragem da liberdade
de uma criança, me comove por igual...
A discrepância do comum, que mostra a
essência humana...
Anjo de uma geração,
que sentia a mudança no peito...
O que me assusta agora
é a adaptação ao meio...
o que foi feito da juventude...
pra onde foram os jovens...
que não aspiram por mudanças...
Se ainda trazes no peito a angústia...
à necessidade da mudança
marca de uma geração...
Agora estamos em espaço de engessamento
no contentamento do que aí esta...
do que já foi criado...
estão se algemando a mesmice
criando grilhões...
Espremendo fruta seca...
na ignorância da inovação...
sem visão ao novo... ao belo...
A idade da felicidade
mfpoton
é a idade da liberdade,
se é que liberdade tem idade...
Há o modo dos índios
que não contam as horas,
não contam o tempo...
Que apenas flutuam como folhas,
em comunhão com o vento...
Pode haver limitações na vida,
mas não na alma...
ou em pessoas que encontramos...
Se para se voar com as asas do coração,
o preço for uma prisão...
haverá sempre um escape... mesmo num feixe de luz...
que revigora a imaginação...
para quem sabe encontrar a felicidade...
Para quem tem alma de pássaro...
Simplesmente porque aprendeu a voar... com a felicidade...
Suspenso no espaço
mfpoton
sem chão
numa extasiante
vontade de prosseguir...
Em estado de desalento
como uma desarticulada marionete
sem fios
solta na imaginação
a devagar na imensidão
sem saber onde chegar
alma num corpo em flutuação
que não aprendeu a esperar
Ate que por si só
vai se deteriorando
e despencando como
se não se sustentasse
mais na altura
e na suspensão do ar...
Borboleta azul cintilante,
mfpoton
Num céu azul resplandecente
Tão leve e suave como deveria ser o amor,
Não devemos tocar, mas ser tocados...
Se tentarmos segurar sem zelo se desfaz o encanto...
Há quem te prenda um alfinete no peito, para te manter
Apenas a lembrança da tua beleza,
mas não sua magia...
Quero planar feito borboleta
Num singelo toque, te beijar...
Como a uma flor...
Do entardecer no casulo
Sentir a pegada do leito
Na doçura dos teus beijos
E toda essa magia...
De uma linda borboleta
Que me faz pensar em você...
O que Deus estaria pensando, quando te criou
Estaria ele apaixonado...
Esquelética árvore
mfpoton
da larga avenida,
entre frondorosos arranhas-céus,
suportando a estéria
dos concretos
da minha cidade
fervilhante de vida
como num desafio
com uma diferente forma
como se fossemos
delinqüentes juvenis
a nos rebelar
em necessidade
de criarmos um
espaço mais
condizente
com nossa natureza
análoga
Te trago no peito
minha histérica frondosa
que aniquilando
em forma esquelética
a árvore
mas ao menos um
pedaço do mundo
para a minha natureza...
que pulsas como se tu
fosses meu coração.
Farol vermelho,
mfpoton
sangrando desejos,
aperto no peito;
não encontrei em ti...você
O dia se descolorindo,
embaçando como vidro na chuva
perdendo as cores, ficando cinza
As lanternas e faróis da noite
em traçados rápidos,
como você me atravessando
A vida te afasta, quando pensei
que te aproximava
sentindo sua presente ausência
que me preenche de
saudades dos teus olhos
O meu ou seu...medo de se dar
ficamos paralisados
buscando sonhos... nem sonhados...
Meu eu
mfpoton
Desponte em meu peito
Guie-me por caminhos
Que nesse não posso continuar
Preciso de uma porta
Uma saída
Uma escapada
Um reencontro
Comigo mesma
Com a minha verdade
Acostumei-me ao abandono
Num condicionamento
Como lavagem cerebral
Mecanizando emoções
Que explodem pra dentro
Por não encontrar o espaço pra fora
Ou mesmo a noção da existência dele
Trancafiando em meu ser, o mundo.
Parecia tão consistente
mfpoton
Quanto uma montanha
Mas não passou de uma
Miragem...
Que me seduzia
Me vertia em sensualidades
Agora se dasata numa sangria
Como delírio no deserto
No fimamento de um
Oásis que se desanuvia
No desejo de uma fonte
Com água cristalina
É como sentir saudade
Daquilo que não houve
Preciso parar de
Acreditar em sonhos
E buscar só a realidade
A vida...
Vou encarar tudo apenas
Como uma perturbação emocional
Que eclodiu em sentimentos
Em arrebatamento... em amor...
Vou cerrar meu sorriso... minha alegria...
Pois tudo não passou de
Uma alucinação deliciosa
Uma cavalgada galopante
De sentidos...
Num corcel negro com franjas
Ao vento... ao luar
Deste meu entorpecimento
Enlevamento...
Que existiu apenas na minha imaginação...
De um desejo...
Por isso fiz pra ti esta poesia...
Se houvesse uma compreensão do significado da liberdade, num mundo atual estereotipado com formas mediocremente quadradas e inexpressivas como tijolos.
mfpoton
Os gregos esculturavam em formas arredondadas, expressão de uma mentalidade livre, não é o mesmo em outra cultura como a dos egípcios, com formas geométricas expressão de um povo submetido a ditaduras e tiranias.
O maior aprendizado seria justamente não somente ter a capacidade de ser livre, mas principalmente reconhecer o significado dessa liberdade.
Borboleta branca tão esvoaçante,
mfpoton
cintilante ao meu olhar...
Venha ao meu alcance e num toque de amor,
me traga a mensagem de um anjo...
Vou sentir até medo que esse amor tão lindo,
possa ser singelo... mas não breve...
Venha borboleta branca, leve minha mensagem...
diga a este anjo, de um conceito de amor...
que de tantas vidas se eternizou...
pela simples razão do reencontro...
numa esvoaçante busca do amor...
Vestido vermelho
mfpoton
denunciando desejos
pernas e poder
na sua pretensão de deusa
nessa audácia de Dalila
em curvas cintilando
a cobiça do teu olhar
ofegante
seduz ao fogo
sucumbindo-o ao coito
como loucos
deliciando-se
ao salivar sabor
da mágica sutileza
do vermelho
dessa ousada menina
sem as pedras não ficaria tão lindo....
mfpoton
ficaria reto e liso,
faltando contornos e quedas
dando relevos a vida...
e ao olhar então...
nem se fala...
os passarinhos não
cantariam tanto
dando coro
a enxurrada
e a mata embaçaria
o verde das folhas
a deslizar sobre
as águas...
Esmiuçadas miçangas de cristal,
mfpoton
a gotejar sobre o assoalho
num tilintar indelével.
Em cada conta uma lembrança
do passado a me trazer a tona,
felicidades, saudades e lágrimas.
Caindo e rolando em gotas.
Paro e fico a observar...
Devo catá-las ou deixar onde estão.
Como uma fotografia nostálgica
de minha alma feminina
se empoeirando sobre a estante...
Luar a trilhar à estrela de destino
mfpoton
No poente farol em rodopios
Como minha alma emotiva
Ponto de referência de descanso
De abrigo
Refúgio para navegantes
Fundear as amarras
Em terra...
Por tempo necessário
Logo parto em busca
Entre luz e escuridão
Na orientação de um novo destino
Lá se vai minha nau,
Seguindo...
Estrelas, lua e farol
Luz que me acende a emoção
Em estímulo na tamanha
Imensidão da vida...
em noites de ébano
Conduzindo-me na
certeza de um porto seguro...
Borboleta azul sobre meu jardim
mfpoton
a levar recados entre as rosas
ora fala com as amarelas...
ora fala com as vermelhas...
sempre com beijinhos de despedidas
após recado dado...
esvoaçante colorido dando vida e sentido
a planar sobre o canteiro
tão festiva como algazarra de criança
Ah!... que dia lindo...
colorido com tantas nuances de azul...
E a chegar mais borboletas...
listradas com amarelo e preto...
deve ser time de futebol!!...
Que festa no meu jardim...
com tantos cumprimentos, beijos e apertos de mãos...
E um silêncio tranqüilo...
apenas o ruído das folhas a rolar pelo chão,
passáros e o vento...
E a borboleta azul voando silenciosamente...
preenchendo tanto espaço e
colorindo a vida...
Palavras pingadas em gotas
mfpoton
como torneira quebrada
pingando... pingando...
na minha impaciência
uma a uma...
minutos... segundos...
pingando... ping... ping...
E eu ainda a olhar as bolhas
a se formarem...
buscando alguma beleza...
buscando algum sentido...
alguma razão de ser...
pingando no meu juízo...
Palavras tão contidas e contadas
como um conta-gotas
tão medidas...
para não se expor
E eu com minhas emoções já tão
exasperadas e não mais a suportar
mais anos...
Fragatas ao vento...
mfpoton
e eu deitada aqui
na areia a olhar o céu...
nuvens cinzas
encobrindo o azul
Fragatas planando
voltando do mar,
escapando do prenúncio
de chuva,
sem bater de asas
planando...
as vezes em rodopiados
caracóis...
se certificando das correntezas,
constatando seu conhecimento
do ar, em mergulhos...
algumas a furtar peixes,
nas demarcações da rede de pesca
e outras a fisgar em ocasionais
mergulhos no mar...
Cada qual com sua característica,
de instinto... ou inteligência...
Embora as da rede pareçam espertas...
As selvagens em decorrência
natural dos instintos,
maiores e mais belas...
A chuva dissolvendo
mfpoton
minha incerteza
a tristeza também
dissolvendo...
na esperança do sol que
me revela o calor do coração...
Se o céu é azul... o amor também
cinza é a chuva... é o medo
que se dissolvem...
uma montanha de nuvem
formando formas
se derramando
a cada pingo...
a cada gota...
nesta incerteza...
Sentindo prazer
em me molhar...
por ser aberta pra vida...
e pra certeza de amar...
sem medo...
portanto se agora me atordoas
logo cessa e rega em abundância
a vida... meu coração...
volúvel... efêmero...
e sempre leal as paixões... emoções...
que não se nega a sentir...
faça chuva...faça sol...
só essa dúvida que me atordoa...
mas sinto esvair como chuva...
porque sinto prazer em sentir a chuva
e acredito no meu sol...
Embaixo dos contorcidos galhos secos
mfpoton
da árvore toda desnuda das folhas secas,
levadas pelo outono...
arrastadas pelos ventos...
E em um galho mais alto, uma única folha seca
reticente e presa...
Na tentativa de se manter ainda pelo pouco de verde
que ainda lhe resta na haste, prender-se...
até a chegada da primavera...
Mas, ainda temos um inverno...
Numa manhã a folha sumiu... seguindo o vento...
Cumprindo o eterno ciclo da vida...
Que a todos, tanto nos apreende...
com o inopinado...
Apenas nos entregar e nos deixar ir...
fazendo parte de todo um ciclo,
que por mais que queiramos...
chega uma hora que nos leva o tempo...
Uma senhora de 97 anos, cabelos branquinhos...
e com um sorriso de tempos...
Ter um namorado
mfpoton
e baixar a guarda
ser menos...
ser mais...
É dar um beijo de
batom vermelho no
escuro do cinema e
quando as luzes
se acendem...
rir...
e ficar quieta
e deixar que todos
percebam
sua cara lambuzada...
É te dar liberdade
de ir e vir
saber que podes chegar
sem hora marcada...
Mas nem tente se
sentir bem sem
a minha presença...
para que eu não
pense, que não
tenho mais posse
deste sentimento...
só meu... nosso...
Saber que dentre
seis bilhões de pessoas
tem um...
o meu namorado
Ah! meu querido
mfpoton
de historias tristes,
já nem suporto mais
Foram tantos que
tombaram, pelo caminho
que virou um cemitério,
com tantas cruzes e lápides
Frustração de querer entender
e não encontrar respostas...
Que ardem no coração
Tantas coisas sem solução
Como resposta da vida... apenas viva...
A aridez da vida é tão crua
que nos assola...
Portanto jogue fora o coração,
para não sofrer, não... não...
é justamente o coração...
que nos ensina a sobreviver...
Rasgo folha
mfpoton
amasso papel
e esse barulho de buzina
céu em cedilhas
desconvidando o sol
neste ostracismo lânguido
dessa realidade invadindo
como água
úmida
a me gelar o espírito
a me tirar do sossego
dos meus sonhos
em aterrissagem
de albatroz...
não há humor
que agüente a ausência
forçada dos sonhos que
nos gritam inconveniente atenção
de dias frios de calor
cadê você...
não aparece, sumiu
ou nunca existiu...
A dama da gafieira
mfpoton
com pinta de rampeira,
cheia de patchouli;
saltos desgrenhados
tortos e engraçados,
vestido rosa choque
não pink, bem abrasileirado
em tecido acetinado,
farto decote em seios
também fartos e generosos,
de causar comoção
em imaginar-mos
a máquina e a
costureira...
Uma maquiagem com
resquícios infantis
de cores desorientadas,
ou quem sabe com
algumas cervejas e luz fraca...
Com seu par engravatado
embuídos da responsabilidade
do espetáculo...
a valsar com tamanha honradez
como se fosse a
primeira ou a última vez...
Caracteres da noite que
emitem escamoteadas
intenções artística
de um povo...
de um tempo...
da Lapa...