Viagem de anciões,
Matsuo Bashô
Cabelos brancos, bastões
- visita aos túmulos.
de tantos instantes
Matsuo Bashô
para mim lembrança
as flores de cerejeira.
Ainda que morrendo
Matsuo Bashô
o canto das cigarras
nada revela!
Num atalho da montanha
Matsuo Bashô
Sorrindo
uma violeta
Extingue-se o dia
Matsuo Bashô
mas não o canto
da cotovia
casca oca
Matsuo Bashô
a cigarra
cantou-se toda
Relvas de verão
Matsuo Bashô
sob as quais os guerreiros
sonham.
De que árvore florida
Matsuo Bashô
chega? Não sei.
Mas é seu perfume...
do orvalho
Matsuo Bashô
nunca esqueça
o branco gosto solitário
a cigarra... ouvi:
Matsuo Bashô
nada revela em seu canto
que ela vai morrer
Preso na cascata
Matsuo Bashô
um instante:
o verão
Frescura:
Matsuo Bashô
os pés no muro
ao dormir a cesta
vento de outono
Matsuo Bashô
a silenciosa colina
muda me responde
A mesma paisagem
Matsuo Bashô
escuta o canto e assiste
a morte das cigarras
Noite sem lua ou estrelas
Matsuo Bashô
o bebedor de sakê
bebe sozinho.
Uma velha sem dentes
Matsuo Bashô
que rejuvenece
cerejeira em flor
Trégua de vidro:
Matsuo Bashô
o canto da cigarra
perfura rochas.
Brisa ligeira
Matsuo Bashô
A sombra da glicÃnia
estremece
Já é primavera:
Matsuo Bashô
Uma colina sem nome
Sob a névoa da manhã.
Sobre o telhado
Matsuo Bashô
flores de castanheiro
ignoradas.
Ao sol da manhã
Matsuo Bashô
uma gota de orvalho
precioso diamante.
Outono
Matsuo Bashô
Empoleirado num ramo seco
um corvo
No perfume das flores de ameixa,
Matsuo Bashô
O sol de súbito surge -
Ah, o caminho da montanha!
Como que levada
Matsuo Bashô
pela brisa, a borboleta
vai de ramo em ramo.
Vamo-nos, vejamos
Matsuo Bashô
a neve caindo
de fadiga.