a cigarra... ouvi:
Matsuo Bashô
nada revela em seu canto
que ela vai morrer
A mesma paisagem
Matsuo Bashô
escuta o canto e assiste
a morte das cigarras
Agora é inverno
Matsuo Bashô
e no mundo uma só cor;
o som do vento.
Ainda que morrendo
Matsuo Bashô
o canto das cigarras
nada revela!
Ao sol da manhã
Matsuo Bashô
uma gota de orvalho
precioso diamante.
árvore curva
Matsuo Bashô
o vôo do corvo
inverno
Brisa ligeira
Matsuo Bashô
A sombra da glicínia
estremece
casca oca
Matsuo Bashô
a cigarra
cantou-se toda
Como que levada
Matsuo Bashô
pela brisa, a borboleta
vai de ramo em ramo.
De que árvore florida
Matsuo Bashô
chega? Não sei.
Mas é seu perfume...
de tantos instantes
Matsuo Bashô
para mim lembrança
as flores de cerejeira.
do orvalho
Matsuo Bashô
nunca esqueça
o branco gosto solitário
E tu, aranha
Matsuo Bashô
como cantarias
neste vento de outono?
Este caminho!
Matsuo Bashô
sem ninguém nele,
escuridão de outono.
Extingue-se o dia
Matsuo Bashô
mas não o canto
da cotovia
Frescura:
Matsuo Bashô
os pés no muro
ao dormir a cesta
Já é primavera:
Matsuo Bashô
Uma colina sem nome
Sob a névoa da manhã.
Mesmo um velho cavalo
Matsuo Bashô
é belo de manhã
sobre a neve
Mesmo um velho cavalo
Matsuo Bashô
é belo de manhã
sobre a neve
Move-te ó tumba!
Matsuo Bashô
Meu pranto
é o vento do outono.
Nesta noite
Matsuo Bashô
ninguém pode deitar-se:
lua cheia.
Nesta noite
Matsuo Bashô
ninguém pode deitar-se:
lua cheia.
No perfume das flores de ameixa,
Matsuo Bashô
O sol de súbito surge -
Ah, o caminho da montanha!
Noite sem lua ou estrelas
Matsuo Bashô
o bebedor de sakê
bebe sozinho.
Num atalho da montanha
Matsuo Bashô
Sorrindo
uma violeta