Dores anímicas...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Minhas dores anímicas, sutilmente, me desafiam a depositar lágrimas sentidas sobre o passado, repensar o presente, abraçar o futuro e seguir em busca da luz perdida.
Encontra o caminho aquele que rompe as próprias máscaras, encara a verdade sobre si mesmo, experimenta a amplitude de sua vulnerabilidade e age, superando-se continuamente.
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Envolva-me e eu entenderei
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Conte-me e eu esquecerei
Mostre-me e eu lembrarei
Envolva-me e eu entenderei
Entenderei a magia do outono e suas folhas que caem...
Entenderei a ausência que se faz presente,
quando a presença se faz ausente
Entenderei a distância e as lágrimas
Entenderei a força criativa do amor
presente nas palavras, nas ações e nos gestos
desnudos de competição e egoísmo
Entenderei a magia do agora, como momento único
a ser intensamente vivido
Entenderei a importância da liberdade
exercida com responsabilidade
Entenderei as ânsias e as dores humanas,
muitas vezes, disfarçadas
Entenderei o HOMEM, a NATUREZA e a VIDA
e amarei sem medidas
Fim de tarde... Campos dourados! Prelúdio da colheita do que foi semeado em horas orvalhadas... seladas pelos primeiros raios luminosos presentes nas dores e amores do homem, permitindo-lhe sonhar, projetar e realizar em prol de si... da humanidade!
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Indiferentes, desistimos de semear a bondade e permitimos que a maldade se alastre.
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Inverno existencial
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Manhã nublada e fria
Natureza adormecida, desolação
Alma calada, arredia...
Olhar perdido no horizonte boreal
Gélidas lembranças
Sonhos desfeitos
Descompassos de uma ilusão...
Jamais desvendarei a tua alma se eu continuar projetando
Maria Aparecida Giacomini Dóro
em ti o meu jeito de pensar, sentir e amar o ser humano.
Lacunas da vida...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
No compasso ausente
o descompasso vivido...
Choro o tempo perdido
e perco o tempo presente
Leveza do SER...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Véus se rompem...
Gélidas noites descortinadas
Pelas sombras de um viver errante,
Perdido, sem sentido
Estou só? Não!
Vozes distantes... Cortantes
Ecos de minha consciência
Revelam-se algozes de mim mesma
Estou só? Não!
Ausente... Inconsciente
Lacunas abertas em átimos marcados,
Vazados nas arestas do tempo
Tempo... Que tempo?
Ah! Aurora... Dissolvo as sombras,
Apago o tempo em tempo
Recomeço AGORA viver
A leveza do SER!
Meu presente é azul...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
O trivial não me fascina e nem me prende... ao contrário, abriga oportunidades ímpares para que eu possa exercitar o desapego (apego, para mim, significa prisão; desapego, liberdade).
Num flash, reporto-me à águia - expressão viva da liberdade - modelo que baliza meus passos por caminhos abertos, sinuosos ou escarpados da vida... por caminhos projetados no seio dos sonhos, aguardando sinal...
As águias são livres e livres imergem no azul da serenidade, da paz de espírito; livres absorvem o laranja da alegria de viver, de viver o essencial...
Essencial que suplanta o trivial, revestindo-se da mais pura simplicidade por motivo óbvio: revelar-se apenas aos que têm olhos para ver o "invisível" e coração para senti-lo.
Meu presente é azul, laranja... de mil cores mais!
Na dor, no amor, na vida...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Amo-te infinitamente
E por te amar assim
Ofereço-te asas
Deixo-te livre
para que possas
superar barreiras
colocar bandeiras
nos áridos solos da dor
Amo-te infinitamente
E por te amar assim
Ofereço-te asas
Deixo-te livre
para que possas
criar novas fontes
abrir horizontes
nas fronteiras do amor
Amo-te infinitamente
E por te amar assim
Ofereço-te asas
Deixo-te livre
para que possas
construir teu espaço
descobrir teu compasso
no doce embalo da vida
Amo-te infinitamente
E por te amar assim
Ofereço-te asas
Deixo-te livre
para que possas
a mim retornar
e, então, me ensinar
o que aprendeste
na dor, no amor, na vida...
Na medida em que o homem desconsidera o outro
Maria Aparecida Giacomini Dóro
e se isola, também perde-se no vazio de si mesmo.
Num flash, um sonho...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Num flash...
A arte,
Prisão de átimos
Antes nunca existidos,
Depois jamais repetidos
Num flash...
Expressão registrada,
Prisão consumada
Do rosto
Do olhar...
Da vida em cena,
Vencendo o tempo
Que vai perdê-la
Num flash...
Expressão registrada,
Prisão consumada
Do medo
Da angústia...
Da dor que corrói a alma,
Vencendo o tempo
Que vai esquecê-la
Num flash, um sonho...
Liberdade!
O AMOR, o HOMEM e o TEMPO...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
TEMPO
que marca a casca do homem
HOMEM
que cursa o tempo e cultiva o amor
AMOR
sentimento que supera o tempo
TEMPO
do homem que ama o OUTRO
por tudo o que foi, é e será
...Ou já não é mais,
pelas marcas do tempo
O comprometimento do homem não brota de palavras mortas ou discursos vazios, desprovidos de humanidade...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Brota do silêncio mediado pela consciência do fazer sem alarde.
O CORAÇÃO do HOMEM é grande o suficiente para abrigar o ESSENCIAL a si mesmo e à HUMANIDADE... AMAR, SER AMADO e ENTENDER o SENTIDO da VIDA é o ESSENCIAL; é TUDO o que de fato precisamos em nossa jornada existencial.
Maria Aparecida Giacomini Dóro
O encanto abriga a suavidade da brisa e também a fúria dos temporais... Assim como embala nossos sonhos, nos remete ao labirinto dos pesadelos.
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Encanto é ilusão... porta aberta ao êxtase ou à dor.
O homem que perde a capacidade de se encantar, torna-se insensível diante do belo e também do trágico.
Maria Aparecida Giacomini Dóro
O ser humano trás em si um espaço interior sem limites onde seus "erros", "culpas" e "dores emocionais" podem ser ressignificados pela força curativa do amor. Cabe a ele a decisão de buscar nos recônditos do coração este manancial e, paulatinamente, experimentar a alegria subjetiva de viver - apesar dos altos e baixos existenciais - ou permanecer ao largo do caminho, lamentando um passado que a muito se perdeu nos mares revoltos do tempo...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Olhar perspicaz
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Olhar que desnuda
a dor mascarada
Se aceita, redime
Se rejeita, condena
Mesmo assim, desumano,
é tão diferente
do olhar ausente...
Olhes além...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Olhes além...
Já não sou a chama
que iluminou tuas trevas
Olhes além...
Já não sou a água
que saciou tua sede
Olhes além...
Já não sou o chão
que firmou teus passos
Olhes além...
Já não sou a brisa
que embalou tua alma
Olhes além...
Já não sou o bálsamo
que aliviou tuas dores
Olhes além...
Já não és transeunte
de avenidas vazias
Olhes além...
Já não és pássaro ferido
E eu - no outro - preciso muito de ti
Passar pela vida sem deixar centelhas de amor e esperança no coração da humanidade é ter vivido em vão; é ter se consumido nas trevas da própria aniquilação.
Maria Aparecida Giacomini Dóro
OUTONO...
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Tão real! Existencial...
Caem as folhas, ficam os ramos
Doce/amargo sabor da vida
Identificado pelo paladar do homem
OUTONO...
Suaves melodias! Notas caladas...
Presença que alenta a alma
Ausência que alerta o coração
Fim do caminho? Novas encruzilhadas...
OUTONO...
Inverno, primavera, verão
Apagam-se as luzes... Ciclos se completam
Nada se perde, tudo se ganha
Vivendo a magia de cada estação
Permito-me viver intensa e desapegadamente o amor/presença e também o seu reverso... Assim, terei a real noção dos abismos oceânicos; da amplitude do horizonte; dos "limites" do infinito, em minh'alma, represados.
Maria Aparecida Giacomini Dóro
Piso o solo sagrado do homem e resgato elos perdidos de minha história; revejo capítulos escritos à luz de uma frágil lamparina; completo lacunas no espaço e no tempo; vou ao encontro de ti e permito-me ser encontrada... Assim, descubro-te em mim!
Maria Aparecida Giacomini Dóro