" O nosso amor é de papel como as flores que me deste, e no papel há-de ficar, para sempre escrito nas minhas palavras. E se vier a transformar-se em qualquer outra coisa, será sempre numa outra forma de amor: o papel vem das árvores, mas o amor vem do amor e nunca morre, mesmo depois de cortado, prensado e transformado. Amar é como plantar uma semente e tu já plantaste a tua no meu coração. "
Margarida Rebelo Pinto
" O que mais dói quando se alma alguem é imaginar tudo o que não conseguimos realizar juntos. O que vivemos é um tesouro que nunca se apaga da memória, mas é o que não construímos que nos entristece e mata."
Margarida Rebelo Pinto
".. Acredita que o tempo em que estamos com aqueles que nos querem bem é sempre um tempo ganho, como quem acumula pontos de felicidade para o futuro. .."
Margarida Rebelo Pinto
(...) ergo-me devagarinho com os olhos fechados e
Ana Margarida Amorim
por vezes chego a recear a minha sombra...tento
distinguir a outra margem, onde caminhas até mim desprovido de fundo...esta espera prolonga-se em infinitos segundos...apressa a contagem da tua vida (...)
(...) não alcançavam...encostaram-se à parede, metade a desfocar-se e a notar-se mais, parecia nascer-me, mas o tempo dissolvia igualmente a seguir, invisível, a soluçar nos pântanos, encolhidos de medo, inclinados a agitarem-se, para além do silêncio, desinteressados do tempo. Mas onde param os teus olhos? Afugentam-se os pássaros...erguem-se no ar motivos que ninguém entende, ventos de eternidade, palavras que não ganham força...preocupa-me o interior, não coincide nada, uma sombra igual às outras emerge...certifico-me que me sinto eu própria, não me entendo, interrompem-me a cada instante, decidem por mim pessoas estranhas, que não existem mas como se estivessem habituadas a nós.
Ana Margarida Amorim
Estou cheia de movimentos a tentar explicar-me que eu no entanto recuso saber, tantas coisas sem relação entre elas, de tempos a tempos tudo me parece tão diferente, destinado a impedir-me que me resigne a aceitar-me, a entregar-me, a espantar-me através de mim. Pensei que um dia destes voltava, poisava tão veloz como um moinho, assobiava num murmúrio incompleto (...)
(...) sou invisível mas tu podes ver-me...é que por vezes tornam-nos indiferentes, sentam-nos e tudo pára à nossa volta. Deixa-me estar assim uns momentos porque à algum tempo caminhei para trás e não quero ser a última a chegar...acendo a luz, afasto os fantasmas, a tua ausência amplia-me o desconforto...és um pedaço do meu céu, do meu firmamento e torna-se necessário impedir que caias. Apetece-me a serenidade despida, são idéias minhas mas oscilo, exclamações contrariadas de tempos a tempos...encaro a realidade na margem do tempo, não me quero distrair de mim porque o silêncio há anos que me persegue, pensamento firme e concludente.Deixa-me ter-te a cada instante, inventar-te novamente para que te encontres...sou toda sensações, pensamentos quentes.Existir nada significa, o importante é ser-se alguém...Desvio o olhar, reflicto um momento...adoro a tua imagem...descobri-a por mero acaso! (...)
Ana Margarida Amorim
(...)não tenho um ritmo certo, distraio-me,
Ana Margarida Amorim
cruzam-se ocasiões na minha memória,
sem saber o que esperar, surpreendo-me,
não entendo os teus olhos,
preocupo-me mas não sei explicá-los,
deu-me a idéia de ausentar-me desanimada,
não me toques, sinto sem sentir a estrada,
desenho-te entre planaltos, estrelas,
não compreendo porque me excluis,
sabes quanto pesa um sorriso?
Combinam-se ecos, estás desorganizado,
esvazio-me do que tenho, do que sou,
abre as tuas asas, repousa em mim,
uma cadência de sonhos,
encanto-me com tudo e com nada,
sem ti não consigo abarcar o universo,
reconheço-te a arte, o dom, o talento,
não permito que cesses de existir,
mas tenho dificuldade em alcançar-te,
orienta-te através da minha claridade,
estou convencida da perfeição,
restos de sonho, ecos de felicidade,
não te preocupes, avança...seguro a tua mão a
tampo inteiro. (...)
A liberdade me ensinou, e muito bem, que nela se concentra todo o prazer possível.
Margarida, rainha de Navarra
Alguém sabe o que é o amor?
Ana Margarida Amorim
Do tipo daquele que deixa saudade mas que é para toda a eternidade,
Aquele que não têm descrição mas toma conta do nosso coração,
o que é o nosso caminho, a cada esquina, a cada passo,
que é o nosso princípio, meio e fim,
a cada amanhecer um sorriso,
a cada entardecer um suspiro,
ao anoitecer um recomeço?
Não...na realidade um AMOR de verdade não têm descrição...ele simplesmente acontece!
Amo mais do que posso e por medo, sempre menos do que sou capaz.
Ana Margarida Amorim
Quando me entrego, atiro-me e quando recuo, não volto!
Gosto das noites porque me nutrem na insónia, embora os dias me iluminem quando nasce o sol.
Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, irrequieta na minha comodidade.
Pinto a realidade com alguns sonhos, imagino-os em cenas reais...choro lágrimas de vir e quando choro para valer, não derramo uma lágrima.
È tão mais fácil não dizer nada, não fazer nada, não ser nada no meio de um mundo tão cheio de necessidaes!
Margarida Gonçalves
ESPERAR
Margarida Rebelo Pinto
Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter conosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver.
in Diário da tua Ausência
(...)sempre me intrigara coisas difíceis de adivinhar, impossíveis de concordar...e por isso tento exprimir-me na idéia do sorriso, não quero asusentar-me, estou no lugar do costume, responde-me...combinam-se os ecos, imagino-os e não estou a exagerar...surpreende-te comigo mas pergunta-me tudo em silêncio...supera-te, não troces de mim que caminho ao teu lado...obrigas-me a existir porque só encontro o caminho através de ti; a noite não chega, a manhã não parte, sinto quase uma paz...encanto-me com tudo e com nada numa cadência de sonhos. Manipula-me, estou inerte...acolhe-me...carrega-me pela verdade, não há tempo...reconheço-te a arte, o talento...absorve a minha existência inteira...evita a desnecessária tendência para os pormenores...devolve-me a tua melhor parte...eu existo, sou autêntica. Quero voar contigo, avançar caminhos...caminhemos sem fazer ruído como pessoas crescidas a direccionar o mundo (...)
Ana Margarida Amorim
Argumentos desconhecidos devoram-me,
Ana Margarida Amorim
numa ausência igualmente repetida,
finjo espantada mas aguardo o que se me afigura,
desvaneço numa recusa que se evapora,
mas tenho a certeza nas voltas a dar,
plano sobre o sublime que me atinge,
caminho a teu lado sem que o saibas,
desiste de te ausentares,
o teu mundo interior está desorganizado,
não existem mistérios, confronta-os e verás,
eu apenas encontro o caminho através de ti,
quero voar contigo, avançar caminhos,
entrego-te o meu sorriso, o meu corpo,
a fim que organizes o nosso castelo,
que o coração nos leve pelas dunas,
acende a luz e recupera o teu eu,
devias estar aqui e não estás...
a falta de coragem destroi pontes,
evita engolir-te a ti próprio,
entrego-me à evidência do teu ser.
Gosto de ti, de mim, de nós, sem fim...
Ana Margarida Amorim
atroz, feroz, sem voz...
premissa de uma vida vivida,
sentida, corrida...tu em mim, eu em ti!
Gosto de ti, porque sim...
Ana Margarida Amorim
porque sou andante, errante, passo de mágica,
na praia, a poente, ausente...
e a minha mente vagueia, hasteia tempestades,
fugaz, atrás do nada...
levo-te comigo para todo o lado, o lago...
sopram ventos, rasteia areia, hoje encontrei-te...
viste-me? Sentiste-me?
O caminho é longo mas apaixonante,
não me digas que erraste, que tropeçaste, não...
caminhemos lado a lado...dá-me a tua mão, sente
as paisagens através do meu coração,
do meu sentir...a prontidão de amar-te, querer ter-te junto a mim...que a vida nos leve através do vento, do tempo...do cantar dos pássaros, do brilhar do sol!
Inspira-me a ânsia louca da vontade vivida,
Ana Margarida Amorim
intensamente ardente, corrente...pensei que
abarcava a vida, mas tropecei em caminhos errantes;
Está frio...aquece-me na saudade, amarra-me nos teus braços, enreda-me nos teus beijos...por vezes
sinto-me num labirinto...a saída encontrá-la-ei através de ti...não fujas da realidade, da constância...se sair não volto, se voltar não fico...que o brilho do teu olhar me leve por aí sem pensar.
O Homem cria ao seu redor aquilo que considera o ideal,
Ana Margarida Amorim
mas o idealismo é muito mais que irreal,
a irrealidade dos pensamentos leva-nos a mundos de alcance ilimitado.
Só a limitação de viver torna tudo tão longe do que é o ideal.
Mas ele fugiu-me, porquê?
Sei lá eu...só sei que o meu passo era tão incerto e solitário que nunca mais soube o que lhe aconteceu...e por mais que eu andasse por caminhos errantes, só ouvia a resposta de um amor distante.
A minha alma ficou deserta...a minha alma ficou aberta!
Preciso encontrar-me,
Ana Margarida Amorim
porque por vezes não sei quem sou,
o que faço, o que falo,
sinto-me vazia, sem o meu eu,
não sei de onde venho,
para onde vou,
os meus passos estão perdidos,
não encontram um caminho,
estou errada nesta estrada sem fim,
tudo me parece distante, ausente,
incessantemente decadente.
Dantes tinha brilho nos olhos,
mas agora as luzes estão apagadas,
não tenho medo do escuro, habituei-me a ele,
companheiro de longas horas,
as fortalezas também caem,
as pontes também desabam,
os muros reconstroem-se...
mas se eu partir não volto mais!
Procuro o teu passo alado, amado, ausente,
Ana Margarida Amorim
presente na mente distante, a cada instante,
sorridente.
Quero-te porque te venero, passo a passo,
no amasso,
corpo ardente em todo o lado,
incessantemente pendente de mim, de ti, da lua, crua e nua.
Pensei que existia sem o saber,
querer estar e não estar,
ausentar-me do mundo, mudo, em tudo.
Se quiseres eu paro...
mas dá-me um sinal da tua existência,
permanência ardente no querer ter-te
somente para mim.
Está escuro, não me oriento assim...
parte de mim está transparente,
porque não encontro o teu olhar, não vejo nada.
Por favor, ilumina o meu ser na forca do teu querer.
Quero-te porque te venero na força do meu ser...amigo..amante...amado...em todo o lado desejado!"
Ana Margarida Amorim
Repara na sombra da minha caminhada,
Ana Margarida Amorim
dirijo-me para algum lugar...sou uma pessoa atenta aos movimentos...tento por vezes desviar-me
um pouco, mas mantenho-me na tua direcção.
Se existir algo maior do que o meu sentir, que venha ao nosso encontro, reencontro...porque conto com os teus olhos para guiar-me, no abraço apertado, enlaçado no amasso do teu passo.
Os dias são longos mas encontro-te...
Vivo em ti
Ana Margarida Amorim
em cada abraço apertado,
a todo o momento desejado,
eu em ti, tu em mim,
numa troca de carinhos,
onde a vida não têm fim.
Preciso da tua presença,
em todo o lado, amado,
o sol não nasce,
a lua não chega,
o vento não sopra,
não ouço o barulho do mar,
o cantar dos pássaros,
a inexistência da tua presença,
tira a consistência de mim mesma.
“Espero por ti porque acho que podes ser o homem da minha vida. E espero por ti porque sei esperar, porque nos genes ou na aprendizagem da sabedoria mais íntima e preciosa, há uma voz firme e incessante que me pede para esperar por ti. E eu gosto de ouvir essa voz a embalar-me de noite antes de, tantas e tantas vezes, te encontrar nos meus sonhos, e a acalentar-me de manhã, quando um novo dia chega e me faz pensar o quão longa e inglória pode ser a minha espera.”
Margarida Rebelo Pinto
“Podias ter-me dito que ias sair da minha vida. A paixão é mesmo isto, nunca sabemos quando acaba ou se transforma em amor, e eu sabia que a tua paixão não iria resistir à erosão do tempo, ao frio dos dias, ao vazio da cama, ao silêncio da distância. Há um tempo para acreditar, um tempo para viver e um tempo para desistir, e nós tivemos muita sorte porque vivemos todos esses tempos no modo certo. Podias ter-me dito que querias conjugar o verbo desistir. Demorei muito tempo a aceitar que, às vezes, desistir é o mesmo que vencer, sem travar batalhas. Antigamente pensava que não, que quem desiste perde sempre, que a subtracção é a arma mais cobarde dos amantes, e o silêncio a forma mais injusta de deixar fenecer os sonhos. Mas a vida ensinou-me o contrário. Hoje sei que desistir é apenas um caminho possível, às vezes o único que os homens conhecem. Contigo aprendi que o amor é uma força misteriosa e divina. Sei que também aprendeste muito comigo, mais do que imaginas e do que agora consegues alcançar. Só o tempo te vai dar tudo o que de mim guardaste, esse tempo que é uma caixa que se abre ao contrário: de um lado estás tu, e do outro estou eu, a ver-te sem te poder tocar, a abraçar-te todas as noites antes de adormeceres e a cada manhã ao acordares. Não sei quando te voltarei a ver ou a ter notícias tuas, mas sabes uma coisa? Já não me importo, porque guardei-te no meu coração antes de partires. Numa noite perfeita entre tantas outras, liguei o meu coração ao teu com um fio invisível e troquei uma parte da tua alma com a minha, enquanto dormias.”
Margarida Rebelo Pinto