Se for pra dizer adeus, deixe-me com meu chão de estrelas...
Márcia Cristina Lio Magalhães
Eu não sou poeta, sou apenas uma mulher brincando com as palavras.
Márcia Cristina Lio Magalhães
Eu e o mar
Márcia Cristina Lio Magalhães
Calmo mar
Poesia deserta
Saudade do mar
Ilusão incerta
Olhos que vagam...
O mar a noite
Espera vazia
Esperança tardia
Das dores do mar
Me olha mar
Me sente mar
Me ouve mar
Me chama o mar...
Coração estremece
Rudeza da vida
Noite esquecida
Brisa que passa...
Vejo o espelho
Sem imagem
Lembro do mar
Que me sorri e me afaga
Olho novamente
Derrepente a imagem
Eu sou o mar
Profundo
Sozinho
Chorando em silêncio...
Desilusão
Márcia Cristina Lio Magalhães
Apesar da ausência em noite de luar
e do acalento da brisa que vem do norte
minha espera não é vã de seus caprichos.
Por amor ao que foi dito esqueço o pranto
Tu voltaste a mim e não me espanto
Apesar da espera e do castigo
Tu me surpreendes quando diz meu nome
Meus olhos ainda te aguardam
A chegar em passos firmes
E tocar-me num longo e demorado abraço
Vejo um bosque de Ypês floridos
Na companhia de um beija-flor
Porque a ausência é dor doÃda
Mas a saudade supera a dor...
Que me dera o sol...
Márcia Cristina Lio Magalhães
o vento ou um pouco de brisa...
Um contentamento, uma poesia, um sorriso, um afago...
Que me dera o mar e todo o seu alento,
dá-me tão somente o som
de uma nota fria...
Saudade da infância, do pé de jaboticaba da casa da minha avô Pedrelina
Márcia Cristina Lio Magalhães
Saudade do cheiro de café no fogão de lenha, da brasa,
e dela me chamando de menina...
Saudade do vento, da chuva, da escola primária, de brincar de queimada...
Saudade da Rua das Flores, da minha terra querida, oh Minas Gerais amada Capelinha jamais esquecida!
A saudade é um grito parado no ar...
Márcia Cristina Lio Magalhães
Ouça
Márcia Cristina Lio Magalhães
Não espere de mim muitos amores
Pois o pranto desta ausência me machucou
Na companhia de um beija-flor
Que toca a rosa como se fosse a última vez
Esperei voltar a tocar teus lábios
A sentir teu cheiro
A ouvir teu coração
Na solidão da espera
Mergulhei meu pranto
Minhas lágrimas foram ao encontro do mar...
Num oceano de dúvidas e palavras fúteis
Cá estou eu ainda a lhe desejar
Não demores a ouvir o que te diz a brisa
Quando ela em sobressalto tocar-lhe a face
Ao nascer o sol reverencie-o
Ao cair a chuva dê-lhe teu melhor sorriso
Pois estes a quem reflito
Tem sido a tempos meus únicos ouvintes...
Só quem amou de verdade sabe a real intensidade
de um amor perdido.
Esqueça o amor perdido, mesmo que o "para sempre" acabe na próxima segunda-feira.
Márcia Cristina Lio Magalhães
O Poeta
Márcia Cristina Lio Magalhães
Os poetas são seres estranhos, não são de falar, meio calados
Parecem estar sempre a observar cabisbaixos
a monotonia dos seres, que entre prazeres
observam da janela o vizinho
que lava o carro
que põe o lixo
que sai cedinho, não fecha o portão...
O poeta é solidão
é maresia
é pescador
é vaso sem flor
é chão...
Que poeta louco, não arruma a cama,
nem se levanta se houve um grito
Ah, o poeta é mito
Saudade do mar
Lembrança da infância
Rua de paralelepÃpedo
Ser poeta é viver
É não envelhecer
É amadurecer diante das desilusões
O poeta desvenda o mundo
Despe a tristeza
Desarma a alma, completa a gente
O poeta mente, mas faz sorrir...
O poeta é noite
é madrugada
é vento
rua deserta
janela que fecha
choro de criança...
O poeta é flor
é passarinho
é arvoredo
é rochedo
é mar revolto
lagoa calma
o poeta é alma....fugaz olhar...
é sorriso maroto
é bala de côco
o poeta é anjo que só faz sonhar....