O contrário da morte é o desejo?
MARCELO MORAES CAETANO
O contrário do espetáculo é o fim?
O contrário do alheio é o que há em mim?
O contrário do nada é o que não vejo?
O contrário da sede é saciar-me?
O contrário da margem é a margem?
O contrário da fé é quem a desarme?
O contrário: os que ficam ou os que partem?
O contrário do contrário é a frase.
O contrário da frase é o abismo.
O contrário do abismo é a valentia.
O contrário do valente é a sua base.
O contrário da base é o seu batismo.
O contrário de Deus? O Homem cria.
Eu não desejo oferecer consolo.
MARCELO MORAES CAETANO
Não quero estar numa reunião festiva.
Não imagino que escutar a "diva"
nos ofereça "indispensável" colo.
Não posso crer que haja tanto obstáculo,
que se precise fantasiar a voz.
Fale na sombra, já que, antes e após,
explode o mesmo - eternamente - oráculo.
Gente passou - Jesus? Moisés? Davi?
Grana ficou - dinheiro de ouro e arame.
Valor se muda - esmeralda descalça.
O mundo adapta a mendiga ao rubi,
coroa de espinhos, sem qualquer vexame,
quem o classificar de pedra falsa.
Il y a plein de gens cherchant le rayon
MARCELO MORAES CAETANO
d'intermittence éternelle de la pureté;
quelqun qui pose en quoi, qui se méprise...
Ainsi voilà la dame noble - et le perroquet!
Elle s'est arrêté dans le temps, ou le temps la caresse,
comme un moulin, dont l'éternel est le vent
La liberté des velours de la pensée...
La liberté de la soie, l'opium de l'hypocrisie...
En vivant parmi la farce, elle ne se ressèche pas:
il n´y avait rien, sauf son expression de sentier.
Si pur son oeil nu!
Elle a vécu dans le cerne arrogant et décadent
de la bourgeoisie - le vol à la branche pure
où se repose, libre, le bon Lulu...
Se peco - entende - o meu pecado é idôneo
MARCELO MORAES CAETANO
e tem a inocência dos golfinhos,
e tem o vôo azul dos passarinhos,
e tem a fome infausta de um demônio.
Dentro de mim, não há mastros, nem velas...
MARCELO MORAES CAETANO
Não há terrenos baldios, nem feudos...
Não há pós, nem antis, nem prés, nem pseudos...
Não há machucados... Nem há seqüelas...
Dentro de mim, não há fora, nem dentro...
Não há resposta errada, nem pergunta...
Não há aquele tremor que desconjunta...
Não há terremoto, nem epicentro...
Dentro de mim, há um anjo reticente...
Com asas esplêndidas, coloridas...
Um anjo mais belo do que Morfeu...
Dentro dele, esperando que se invente
a palavra “ser” entre as perecidas...
Dentro deste anjo lindo - o que há - sou eu.