Como um prisioneiro
Luiz Bacellar
a lua me espia pelas
grades do banheiro
Ás da aviação
Luiz Bacellar
o valente bem-te-vi
ataca o gavião.
O lírio levanta
Luiz Bacellar
no meio da noite
seu copo de leite.
O brilho do salto
Luiz Bacellar
do peixe na cascata,
lâmina de prata.
Da flor o orvalho
Luiz Bacellar
nas pétalas: tua face
depois que choraste.
Na laranja e na couve
Luiz Bacellar
picada - as cores brasileiras
da feijoada.
Formigas na porta
Luiz Bacellar
carregam o corpo
da cigarra morta.
Se mira na poça
Luiz Bacellar
de lama do pátio
a lua vaidosa
Tarde de sol,
Luiz Bacellar
o armador da rede
range devagar.
O besouro rola
Luiz Bacellar
na bola de esterco
o tempo futuro.
A nuvem oferta
Luiz Bacellar
delgada talhada
de melão: a lua.