Prefiro ter sentido seu cabelo uma vez, prefiro ter tocado sua mão uma vez, prefiro ter lhe beijado uma vez, do que passar a eternidade sem isso!
Filme Cidade dos Anjos
Provo que a mais alta expressão da dor
Augusto dos Anjos
Consiste essencialmente na alegria...
Psicologia de um vencido
Augusto dos Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Quando me perguntarem do que eu mais gostei, vou dizer que foi de você!
Filme (Cidade dos Anjos)
Quando morrer me enterre de pé,pois passei toda minha vida de joelhos.
Retirada do livro a Bruxa de Portobello de Paulo C
Quanto mais inteligência tem o homem para compreender um princípio, tanto menos escusável é de o não aplicar a si mesmo. Em verdade vos digo que o homem simples, porém sincero, está mais adiantado no caminho de Deus, do que um que pretenda parecer o que não é.
Livro dos Espíritos
Quem não me têm é porque nãO me merece.
rozilene apareida de sá dos anjos
Repudiei sempre que me compreendessem. Ser compreendido é prostituir-se. Prefiro ser tomado a sério como o que não sou, ignorado humanamente, com decência e naturalidade”
Fernando Pessoa in O Livro do Desassossego .
SAUDADES DE NADA
Lyah dos Anjos
Tenho muitas saudades, imensas
Tantas que ninguem pode imaginar...
Vivo assim submersa em pensamentos longiquos
Penso em nada, nesse nada que e a minha vida
Entao sinto saudades do nada que era a minha vida
Um nada diferente desse que vivo hoje
Era um nada de dar saudades,
Entao eu sinto saudades dos amigos que nao tive
Dos amores que nunca vivi, lembranca que nao cultivo
Tenho saudades, muitas saudades
De nunca ter vivido...nem sequer sonhado
E me pergunto de onde vem tantas saudades assim
Francamente, nao sei
Mas a verdade e que vivo assim
Sempre com saudades de nada.
so se e alguem na vida quando se e voce mesmo...
Lyah dos Anjos
SOLITÁRIO
Augusto dos anjos
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
-- Velho caixão a carregar destroços --
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos
Soneto
Augusto dos Anjos
Ao meu primeiro filho nascido
morto com 7 meses incompletos
2 fevereiro 1911.
Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial
Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
A tua morfogênese de infante,
A minha morfogênese ancestral?!
Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente anônimo, a feder?!...
Ah! Possas tu dormir feto esquecido,
Panteisticamente dissolvido
Na noumenalidade do NÃO SER!
SOBRE A MORTE COSEQÜÊNCIAS FUNESTAS...
AUGUSTO DOS ANJOS em Cismas do Destino.
Prostituição ou outro qualquer nome,
Por tua causa, embora o homem te aceite,
É que as mulheres ruins ficam sem leite
E os meninos sem pai morrem de fome!
Por que há de haver aqui tantos enterros?
Lá no "Engenho" também, a morte é ingrata...
Há o malvado carbúnculo que mata
A sociedade infante dos bezerros!
Quantas moças que o túmulo reclama!
E após a podridão de tantas moças,
Os porcos esponjando-se nas poças
Da virgindade reduzida à lama!
Morte, ponto final da última cena,
Forma difusa da matéria imbele,
Minha filosofia te repele,
Meu raciocínio enorme te condena!
Deante de ti, nas catedrais mais ricas,
Rolam sem eficácia os amuletos,
Oh! Senhora dos nossos esqueletos
E das caveiras diárias que fabricas!
Tome, Dr., esta tesoura, e... corte
AUGUSTO DOS ANJOS em Budismo Moderno.
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!
VERSOS ÍNTIMOS
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
“Espírito Natalino”
Roberto dos Anjos
“Houhouhou...
É véspera de natal, as crianças despertam mais cedo
para desfrutar do momento que ainda está por vir.
A manhã se cala diante da natureza encantadora dos pequeninos.
Sua sutil inteligência age conforme seus sonhos, como
Papai Noel, desequilibrando os corações na busca de
um novo acontecer.
Os avôs observam atentamente o percurso dos tão aclamados, sentem a saudade bater a porta.
Relembram com orgulho seu passado...
Os pais vêem a hora chegar, quando então!!!
no sublime instante...
As lágrimas caem, como um riacho de felicidade.
A voz dos pequeninos soam profundamente, como
um piano a tocar, ao mesmo tempo destroem com seus
gritos ensurdecedores quando notam a presença do senhor
de barba branca entrar.
A lareira se esconde com tantos presentes, dando espaço
para o aconchego familiar.
São os gestos mágicos natalinos, indo de encontro com o
toque diferenciado, coberto de esperança, de amor.
Mas no final daquela noite a surpresa...
Um pequenino deslumbra a irradiante comoção.
Ele, olha com seus olhos singelos nos olhos vivos da
vida dos avôs e diz:
- Feliz Natal...”