A Despedida
Vanessa Marques
- Você vai aprender a viver sem mim, eu sei que vai. Ah, e... Se eu esqueci alguma coisa minha por aqui, por favor, avise-me depois. Tchau.
Ela colocou a mochila nas costas e saiu antes que ele pudesse dizer uma ou duas palavras. Bateu a porta e sumiu logo após a primeira curva da estrada. Nos olhos dele, milhares de lágrimas contidas ameaçavam saltar para fora a qualquer momento. Não, ela não sabia o que estava dizendo. Ela não imaginava que jamais ele aprenderia a viver novamente sozinho ou com outra garota qualquer. Era tudo tão completo, tão perfeito e tão feliz que, sem ela, nada restava. Nada.
Mas finais são sempre assim, tristes e frios. Em alguns momentos de lucidez, ele lembrava de certos filmes que havia visto, livros que havia lido e músicas que havia ouvido. Todos falavam sobre abismos, sobre amores despedaçados, sobre dores agudas, sobre estradas sem fim. Mas, dentro da ficção, tudo sempre tem cura: um outro amor, uma reconciliação, um novo brilho de presente aos olhos. Na realidade, tudo é diferente. Ela não voltaria, ele jamais encontraria alguém que pudesse substituí-la e talvez ele esquecesse, com o passar do tempo, coisas simples como andar ou falar, mas jamais esqueceria a sensação de estar ao lado dela.
O problema é que ela sabia demais. Sabia sorrir, brigar, escrever, contar histórias, chorar baixinho e ouvir as melhores músicas. Além disso ela era linda, linda além da conta, uma mistura de elementos doces, ásperos, cítricos e delicadamente aromatizados. Ela sabia bater o pé, impor suas vontades, perder a compostura e ainda assim manter aquele olhar inexplicavelmente sedutor. Maldito olhar, maldito sorriso. Ele tinha caído em todas as armadilhas, sem exceção. Para ela, era apenas mais um - um número, uma vítima, um degrau a ser superado.
Com a cabeça encostada na mesa, ele se lembrou que ainda morre-se por amor, por mais que a postura contemporânea tente absorver certos ditos poéticos. Decidiu, então, morrer um pedaço, necrosá-lo e extirpá-lo do próprio corpo, mesmo sabendo a quantidade de sangue que isto lhe custaria. Só assim poderia trilhar os caminhos de sua própria estrada, ainda que com um enorme buraco cavado no peito. Esta parecia a única saída no meio de tanta amargura: aprender a viver sem aquela carne, suportando apenas as marcas do ferimento.
Um corte sem cicatriz, que vez ou outra inflamava. A cada inflamação, o fogo cortante partia ao meio suas vísceras. Mas ele sabia como sobreviver, apesar de ferido. Ferido e sem ela.
A falsa ciência não aumenta o nosso saber, agrava a nossa ignorância.
Marquês Maricá
A familiaridade tira o disfarce e descobre os defeitos.
Marquês Maricá
A filosofia desagrada, porque abstrai e espiritualiza; a poesia debita, porque materializa e figura todos os seus objetos. Quereis persuadir e dominar os homens, falai à sua imaginação, e confiai pouco na sua razão.
Marquês Maricá
A filosofia não entorpece a sensibilidade, quando muito pode chegar a regulá-la.
Marquês Maricá
A força é hostil a si própria, quando a inteligência a não dirige.
Marquês Maricá
A força sem inteligência é como o movimento sem direcção.
Marquês Maricá
A fruição desencanta muitos bens e prazeres sensuais, que a imaginação, os desejos e as esperanças figuravam encantadores.
Marquês Maricá
A gratidão também é produto do nosso amor-próprio: julgamo-nos desobrigados dos benefícios se nos confessamos agradecidos.
Marquês de Maricá
A harmonia da sociedade, como da natureza, consiste e depende da variedade e antagonismo dos seus elementos e carácteres.
Marquês Maricá
A herança dos sábios tem sempre maior extensão e perpetuidade que a dos ricos: compreende o género humano, e alcança a mais remota posteridade.
Marquês Maricá
A ignorância dócil é desculpável, a presumida e refractária é desprezível e intolerável.
Marquês Maricá
A ignorância pasma ou espanta-se, mas não admira.
Marquês Maricá
A ignorância que deverá ser acanhada, conhecendo-se, é audaz e temerária quando não se conhece.
Marquês Maricá
A ignorância tem os seus bens privativos, como a sabedoria os seus males peculiares.
Marquês Maricá
A ignorância vencível no homem é limitada, a invencível infinita.
Marquês Maricá
A ignorância, exagerando a nossa pouca ciência, promove a nossa grande vaidade.
Marquês Maricá
A ignorância, lidando muito, aproveita pouco: a inteligência, diminuindo o trabalho, aumenta o produto e o proveito.
Marquês Maricá
A igualdade repugna de tal modo aos homens que o maior empenho de cada um é distinguir-se ou desigualar-se.
Marquês Maricá
A imaginação é o paraíso dos afortunados, e o inferno dos desgraçados.
Marquês Maricá
A imaginação exagera, a razão desconta, o juízo regula.
Marquês Maricá
A impaciência em que vivemos provém da nossa ignorância, queremos que os homens e as coisas sejam o que não podem ser, e deixem de ser o que são por sua essência e natureza.
Marquês de Maricá
A impaciência, quando não remedeia os nossos males, os agrava.
Marquês de Maricá
A imperfeição é a causa necessária da variedade nos indivíduos da mesma espécie. O perfeito é sempre idêntico e não admite diferenças por excesso ou por defeito.
Marquês Maricá
A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral.
Marquês de Maricá