em vão espero
Jorge Luis Borges
as desintegrações e os símbolos
que precedem ao sonho
O homem está morto.
Jorge Luis Borges
A barba não sabe.
Crescem as unhas.
Desde aquele dia
Jorge Luis Borges
não movi as peças
no tabuleiro.
Disseram-me algo
Jorge Luis Borges
a tarde e a montanha.
Já não lembro mais.
Hoje não me alegram
Jorge Luis Borges
as amendoeiras do horto.
Me lembro de ti.
A velha mão
Jorge Luis Borges
segue traçando versos
para o esquecimento.
É um império
Jorge Luis Borges
essa luz que se apaga
ou um vaga-lume?
A ociosa espada
Jorge Luis Borges
sonha com suas batalhas.
Outro é meu sonho.
Sob a lua
Jorge Luis Borges
a sombra que se alonga
é uma só.
A lua nova.
Jorge Luis Borges
Ela também a olha
de outra porta.
Creio que uma forma de felicidade é a leitura.
Jorge Luis Borges