O TOM MAIOR DO DIVAGAR
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Penso com fôlego, sem fôlego:
A mente mastiga a frase
Poder ao Povo,
E não consigo tornar exequível o sonho.
A mente vaga errante, errática
Por descampados, vácuos e reinos da impotência:
Lugares onde a miséria humana
Faz-se a eterna etérea presença!
Cavalga-me pelas pradarias da verve
A voz de Renato cantando
Vento no Litoral,
Enquanto a voz de Cazuza,
Buscando agônica
A ideologia perdida,
Adormece nas asas
Da sua precoce supernova afinal.
Ah, é quando o ladrar pressuroso
Dos cachorros expulsa
A minha consciência
Da labiríntica viagem --- até então ---
Á margem do taciturno sabor do pouso
Sobre o solo da gravitacional realidade.
Enfim sinto passear,
Pela rodovia da boca,
O antigo gosto da vida-normalidade;
Entretanto, para não deixar esta aventura
Ao bel-prazer de uma página em branco,
Procuro a flor da catarse,
Que germina e desabrocha
Como um poema prolixo, insano:
Facunda topografia do absurdo humano!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Á PROCURA DO TESOURO DA ALEGRIA
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Melros, marfins, motos,
Mares, moços, magos e moçoilas:
Os olhos observam o gozo
De se viajar á toa.
Pérolas, pernas, pedras,
Passos, passados, pastos,
Patos, planaltos, pessoas:
A imaginação --- quando
É libérrimo pássaro ---
Velozmente voa.
Córregos, carroças,
Canduras, camelos,
Canções, concertos:
Ouve-se --- em silêncio ---
O inerme som do relógio batendo.
Água, assanhaço,
Ábaco, âmago:
Beleza é vê a natureza
Soberanamente reinando.
Marisa, Maysa,
Maria Rita, Mariana Aydar:
A vossa voz e música
Regozijam-me, cintilam-me o ar!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA