A tarde é bem quente.
Humberto del Maestro
Cansada, boneca ao lado,
menina dormindo.
Longa chuvarada...
Humberto del Maestro
Nos matos e nas lagoas,
um canto de vida.
Ao primeiro susto,
Humberto del Maestro
os pombais, cheios de arrulhos,
ficaram vazios.
A noite flutua
Humberto del Maestro
e as rosas dormem mimosas
aos beijos da lua.
A chuva tardia
Humberto del Maestro
deixou perfumes de terra
nas ruas molhadas.
A lua, cansada,
Humberto del Maestro
adormeceu por instantes
no leito do rio.
Os beijos da tarde
Humberto del Maestro
são feitos de mil fragrâncias
de velhas saudades.
Natal em festejo!
Humberto del Maestro
Os filhos não me visitam...
Papai sem presentes.
Na velha roseira,
Humberto del Maestro
entre as folhas e os espinhos,
uma aranha tece.
O céu, que é perfeito,
Humberto del Maestro
andou jogando em seus olhos
o dom do infinito.
é quase noitinha
Humberto del Maestro
o céu entorna no poente
um copo de vinho
Seus cachos de seda
Humberto del Maestro
são borboletas douradas
brincando na brisa.
Começo de chuva...
Humberto del Maestro
A tempestade faz festa,
no meio da rua.
Sentei-me na praia
Humberto del Maestro
e quando dou pela coisa
o mar me beijava.
Muita brisa à noite.
Humberto del Maestro
Dos jasmineiros da rua,
perfumes e flores.
Doze anos em flor!
Humberto del Maestro
A linda menina ainda
não pensa no amor.
Não tenho certeza,
Humberto del Maestro
mas acho que os grilos gostam
da minha janela.
Não é meia-noite
Humberto del Maestro
e as mariposas cansadas
já dormem nas praças.