Jasmineiro em flor.
Guilherme de Almeida
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.
Neblina? ou vidraça
Guilherme de Almeida
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?
Na cidade, a lua:
Guilherme de Almeida
a jóia branca que bóia
na lama da rua.
Olho a noite pela
Guilherme de Almeida
vidraça. Um beijo, que passa
acende uma estrela.
Uma árvore nua
Guilherme de Almeida
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?
Leve escorre e agita.
Guilherme de Almeida
A areia. Enfim, na bateia
fica uma pepita.
Noite. Um silvo no ar.
Guilherme de Almeida
Ninguém na estação. E o trem
passa sem parar.
Por que estás assim,
Guilherme de Almeida
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?
Diamante. Vidraça.
Guilherme de Almeida
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
E cruzam-se as linhas
Guilherme de Almeida
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.
E cruzam-se as linhas
Guilherme de Almeida
No fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.
O ar. A folha. A fuga.
Guilherme de Almeida
No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.
Nós dois? - Não me lembro.
Guilherme de Almeida
Quando era que a primavera
caía em setembro?