negro e revolto
Eugénia Tabosa
o mar de inverno
pressagÃa desgosto
Gatinha meiga
Eugénia Tabosa
ao passar da mão
seu corpo se ajeita
Sentado no chão
Eugénia Tabosa
de saco vazio
suspira o sultão
teu corpo deitado
Eugénia Tabosa
acorda desejos
não confessados
A bola baila
Eugénia Tabosa
o gato nem olha
salta e agarra
Abrindo uma fresta
Eugénia Tabosa
do carro de luxo
ele atira a meleca
Mar de tormento
Eugénia Tabosa
mar de sustento -
ai, triste sina
Lindo sabiá
Eugénia Tabosa
do peito amarelo
vem cá, vem cá
Sentadas num fio
Eugénia Tabosa
estão cinco andorinhas
fugidas do frio
nos fios
Eugénia Tabosa
os pássaros
escrevem música
Saltando da mesa
Eugénia Tabosa
a tulipa
foi passear
O gato chinês
Eugénia Tabosa
espera sentado
pela sua vez
Mal o dia clareia
Eugénia Tabosa
a passarada
em coro chilreia
seus olhos felinos
Eugénia Tabosa
horizontais oblÃquos
olham parados
olhos baixos
Eugénia Tabosa
serena e bela
aguarda o dia
a chuva no charco
Eugénia Tabosa
traça cÃrculos
sem compasso
na cama de nuvens
Eugénia Tabosa
o sol espreguiça-se
oblongo
Seu olhar segue
Eugénia Tabosa
o voo do pássaro -
será que desce?
no aconchego da terra
Eugénia Tabosa
a semente
vive a espera
No ninho do sabiá
Eugénia Tabosa
há quatro bocas
que não param de piar
Sobre o varal
Eugénia Tabosa
A cerejeira prepara
O amanhecer
Na janela em frente
Eugénia Tabosa
uma criança sorri -
falta-lhe um dente
na boca da fornalha
Eugénia Tabosa
labaredas
dançam Falla
minha cabeça em seu peito
Eugénia Tabosa
seus dedos em meus cabelos
- dança de leito
O senhor narigudo
Eugénia Tabosa
tinha um olho torto
e no pé um fungo