Será que ela é moça?,
Chico Buarque
Será que ela é triste?,
Será que é o contrário??
Atras da porta
Chico Buarque
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro não acreditei
Eu te estranhei me debrucei,
sobre o teu corpo e duvidei
E me arrastei de te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pêlos, no teu pijama
Nos teus pés, ao pé da cama.
Sem carinho sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Para sujar teu nome te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Só para mostrar que ainda sou tua...
Deixe em paz meu coração
Chico Buarque
Que ele é um pote até aqui de mágoa
"... Amando noites afora
Chico Buarque
Fazendo a cama sobre os jornais
Um pouco jogados fora
Um pouco sábios demais
Esparramados no mundo
Molhamos o mundo com delícias
As nossas peles retintas
De notícias..."
Quem me vê sempre parado, distante
Chico Buarque
Garante que eu não sei sambar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
DESENCONTRO
Chico Buarque
A sua lembrança me dói tanto
Eu canto pra ver
Se espanto esse mal
Mas só sei dizer
Um verso banal
Fala em você
Canta você
É sempre igual
Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem ponto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés
E saudades fúteis
Saudades frágeis
Meros papéis
Não sei se você ainda é a mesma
Ou se cortou os cabelos
Rasgou o que é meu
Se ainda tem saudades
E sofre como eu
Ou tudo já passou
Já tem um novo amor
Já me esquece
Apesar de você
Chico Buarque
Amanhã há de ser
Outro dia